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Cegonheiros reivindicam reajuste do frete na Volkswagen

Motoristas afirmam que valor está defasado
em 25% e não é corrigido há cerca de três anos

Vinícius Claro
Especial para o Diário
02/06/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Cegonheiros que prestam serviço para a Volkswagen criticam o valor do frete pago pela companhia às transportadoras contratadas para distribuir os veículos fabricados pela montadora para as concessionárias. Segundo os profissionais, há defasagem de aproximadamente 25% na quantia repassada aos motoristas, resultado de três anos sem reajustes.

Além desse problema, a categoria convive com a incerteza em relação ao futuro, já que a multinacional planeja efetuar mudanças no sistema de distribuição. Atualmente, as entregas são destinadas a quatro grandes transportadoras, que repassam o frete a cerca de 3.600 prestadores de serviço, entre motoristas autônomos e pequenas e médias empresas. Nos bastidores, comenta-se que a montadora pretende contratar apenas uma companhia, o que geraria em torno de 50 mil cortes de postos de trabalho diretos e indiretos no País. Apenas na região, são aproximadamente 5.000 fretistas.

Para pressionar a Volkswagen a recuar, parte da categoria optou, no dia 24, por paralisar as atividades por tempo indeterminado. Apesar da decisão, o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, Jaime Ferreira dos Santos, afirmou que não induziu nenhum posicionamento. “O sindicato não orientou ninguém a paralisar suas atividades, mas não pode obrigar os cegonheiros a trabalhar no prejuízo”. Hoje haverá uma reunião com os associados às 16h para esclarecimento dos fatos.

DIFICULDADES

A possibilidade de a Volksvagen rescindir os atuais contratos gera temor entre os motoristas. É o caso de Ronaldo Aranha, 43 anos, que trabalha há 23 como cegonheiro. Ele disse não ter alternativa caso perca o trabalho. “O caminhão só transporta carro, não dá para levar madeira, ferro. Não tenho o que fazer.”

Jarbas Viana, 38, é ligado à categoria praticamente desde que nasceu, já que seu pai trabalha com isso há 55 anos. Ele diz que a defasagem no valor dificulta a situação em casa. Já Reginaldo Rossi, 48, trabalha desde 1991 na área e tem medo de perder os investimentos que fez, previstos para os próximos cinco anos. “A própria fábrica fez a gente investir em equipamentos.”

Conforme os trabalhadores, a crise no setor está afetando o bairro Demarchi, onde a montadora está instalada, com o fechamento de comércios como oficinas e restaurantes.

A montadora foi procurada pelo Diário, mas não se manifestou. 




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