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Tumulto deixa um morto e 6 feridos em presídio no Recife
Do Diário do Grande ABC
26/01/2000 | 18:33
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Um detento foi morto e seis feridos nesta quarta-feira pela manha em rebeliao no Presídio Aníbal Bruno, no Recife. Pouco antes das 10h houve tiroteio entre os detentos e policiais. Os presos queimaram dois pavilhoes. O motivo da rebeliao teria sido o atraso de duas horas na visita íntima. Uma pistola foi apreendida com os detentos e o motim controlado com a ajuda da Polícia Militar.

O preso José Roberto Lindolfo da Silva, 19 anos, do pavilhao F, foi morto a facadas, segundo a direçao do presídio. De acordo com os detentos, foi morto a tiros por um policial. Outros quatro detentos foram feridos a bala - Ismael Araújo de Oliveira, Gildo José de Lima, José Valmir dos Santos e Carlos Alberto Silva. E dois se queimaram - Edson Soares da Silva e Amari Laurentino Rego.

O diretor do presídio, coronel Geraldo Severiano, negociou com os detentos, que reivindicavam a aceleraçao de seus processos na Justiça, a troca dos policiais da guarda e uma entrevista coletiva à imprensa. A inquietaçao no presídio começou com a proibiçao de visitas íntimas na semana passada, por determinaçao do coronel Severiano, para tentar evitar a contaminaçao por cólera. A doença matou um preso, há outros sete casos confirmados e 42 suspeitos. "Foi necessário fazer isso para prevenir contra a contaminaçao de familiares", afirmou ele.

Outra determinaçao do diretor, obrigando a revista dos policiais responsáveis pela guarda do presídio no início e no final dos turnos, teria contribuído para deixar mais tenso o ambiente. Apesar de antiga, essa ordem nao vinha sendo cumprida e era recebida com resistência pelos policiais. Mas por causa da entrada de armas e drogas no presídio as revistas foram iniciadas nesta quarta-feira, atrasando o acesso dos visitantes. O confronto envolveu presos dos pavilhoes A, B, C e D. Com capacidade para receber 524 detentos, o presídio Aníbal Bruno abriga 2.719.

O detento do pavilhao A Moab Joaquim da Silva, 29 anos, da comissao encarregada de falar com a imprensa, mostrou quatro projéteis deflagrados e afirmou: "Vejam isso e digam se é coisa para detento ter na cela; os PMS começaram tudo, estao com raiva por causa da revista e queremos o nosso direito de receber visita". Jorge Gomes de Lima, 24 anos, afirmava ter visto José Roberto ser baleado. Ele disse temer represálias. "A gente pode ser isolado depois disso, espancado, transferido para um lugar distante, proibido de receber visita ou colocado no meio dos inimigos para ser morto, mas vocês têm que saber que tem gente aqui esperando há anos por uma decisao da Justiça que nao vem", disse.




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