Política Titulo Troca no comando
Temer mina Marinho e abre portas para Pinheiro

Governo de peemedebista reduz força do petista de S.Bernardo, mas amplia canal a S.Caetano

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
16/05/2016 | 07:19
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Montagem/DGABC


As relações político-partidárias mudaram com a saída, a princípio provisória, de Dilma Rousseff (PT) do Planalto dentro do cenário do Grande ABC. Há inversão do prestígio de nomes regionais com a posse do presidente interino da República, Michel Temer (PMDB). A entrada do peemedebista mina, por exemplo, a influência do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), na esfera federal. A alteração reduz a força do principal quadro petista, que detinha ligação com a cúpula de Brasília. Por outro lado, o novo governo abre portas do poder para o chefe do Executivo de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), ampliando o canal ao correligionário.

Pinheiro tende a contabilizar vantagens políticas e eleitorais com a troca. O secretário de Governo de São Caetano, Nilson Bonome (PMDB), possui proximidade direta com Temer, o que pode significar auxílio a projetos da cidade, hoje sem andamento efetivo, bem como resultar em eventual desembarque do presidente interino na campanha local pela reeleição. Ex-titular de Planejamento do município, Jarbas Elias Zuri – um dos responsáveis pela migração de Pinheiro à legenda em 2011 – é outro quadro com bom trânsito no PMDB estadual e nacional que deve articular possíveis benefícios.

Com a perda do mandato, a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB) pode ser favorecida por conta do forte vínculo com peemedebistas do alto clero – o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou o diploma da parlamentar, mas ela mantém-se no cargo até a Assembleia ser notificada. Em Mauá, seu domicílio eleitoral, anunciou que dará apoio ao deputado Atila Jacomussi (PSB) na disputa ao Paço. O vice da chapa, inclusive, será ocupado por nome indicado pela parlamentar, provavelmente o marido e presidente do PMDB local, José Carlos Orosco Júnior. Esta conexão deve render a subida de Temer no palanque socialista.

Os prefeitos petistas Luiz Marinho (São Bernardo), Carlos Grana (Santo André) e Donisete Braga (Mauá) correm maior risco de obter prejuízo eleitoral com a queda de Dilma – a previsão é que o Senado vote em definitivo o processo de impeachment em novembro. Em contrapartida, do ponto de vista político, os gestores do PT já sofriam com a paralisação de propostas junto à União e, por isso, a mudança pode dar fôlego.

Além do desgaste nacional do PT, a ruptura com o PMDB promoveu descolamento da sigla. O partido lançará candidato a prefeito ou vice na maioria dos municípios da região, a exemplo de Rafael Daniel em solo andreense e Tunico Vieira em terras são-bernardenses. Atualmente, a agremiação lidera duas prefeituras: São Caetano e Ribeirão Pires.

A modificação na conjuntura federal tende ainda a dar musculatura a nomes da oposição. O PMDB rompeu com o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), e cogita lançar a experiente vereadora Cida Ferreira como vice de Vaguinho do Conselho (PRB). Panorama semelhante em Rio Grande da Serra, onde o partido terá Edvaldo Guerra (PMDB) à Prefeitura, depois de cisão com Gabriel Maranhão (PSDB).

Nomes da região perdem espaço em Brasília

Sete nomes, ao menos, ligados ao Grande ABC devem perder espaço em Brasília com a troca no comando do Palácio do Planalto, até então nas mãos do PT. O principal quadro envolve o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mentor político de Dilma, que foi exonerado do cargo de ministro-chefe da Casa Civil sem ter sido efetivado, na prática, à função. Nos bastidores, a informação é que o líder petista entrará de cabeça nas campanhas eleitorais para tentar evitar desastre nas disputas municipais.

Outra baixa seria de Miriam Belchior (PT-Santo André), presidente da Caixa Econômica Federal. Não há caminho consolidado para a ex-ministra do Planejamento de Dilma, embora ela já seja cotada pelo governo de São Bernardo. Cenário de incerteza também se dá com Gilberto Carvalho (PT-Santo André), que permanece no posto de presidente do Conselho Nacional do Sesi. A chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e o secretário executivo do Planejamento, ambos do PT de Diadema, estão sendo sondados, mas devem deixar os cargos.

O ex-sindicalista Heiguiberto Guiba Della Bella, então assessor da Secretaria de Governo, já teve o desligamento publicado no Diário Oficial da União. Colega da mesma Pasta e de Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo tende a sair em breve.

Diretor-vice-presidente de Gestão da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Mário Maurici Lima de Moraes (PT-Santo André) ainda não sinalizou se ficará na função.  




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