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Centrais sindicais falam em defesa de trabalhadores

Em ato na Via Anchieta, sindicalistas admitem queda de Dilma, mas pregam luta contra Temer

Vitória Rocha
Especial para o Diário
12/05/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pela FBP (Frente Brasil Popular), ato contra o impeachment realizado ontem pela manhã, na Via Anchieta, em São Bernardo, teve também como objetivo a defesa da democracia e dos direitos trabalhistas. Grande parte dos discursos foi pelo reconhecimento da saída da presidente Dilma Rousseff (PT), porém, com aviso de luta para que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) não altere leis consideradas essenciais para os trabalhadores.

O protesto contou com a presença de aproximadamente 300 pessoas, segundo estimativa da PM (Polícia Militar), entre políticos, sindicatos, coletivos e cidadãos. Organizadores estimaram ter havido 500 pessoas. Com concentração às 6h30 na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no Centro de São Bernardo, a manifestação começou pouco mais de uma hora depois, seguindo para o Km 23 da Via Anchieta sentido São Paulo. Manifestantes foram acompanhados de carro de som e escoltada da PM, que fechou uma das pistas da rodovia nesse sentido até quase 9h.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques (PT), ponderou que possível governo Temer pode ser danoso aos direitos trabalhistas. “Nós vivemos crise econômica muito grande no Brasil e os programas sociais que foram implementados nos últimos 20 anos protegem o trabalhador. Por isso defendemos os defendemos. Estamos aqui hoje (ontem) pela democracia, para mostrar que o Brasil vive um período de recessão perigoso para os trabalhadores. Num período como este nascem medidas retrógradas”. Sem afirmar que o impeachment da presidente já era certo no Senado, Marques disse que os movimentos sociais querem alertar para possível perda de conquistas trabalhistas e finalizou sua fala especulando sobre possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente Lula é a grande esperança de 2018. A luta continua”.

Políticos como o deputado estadual Teonilio Barba (PT), os vereadores José Ferreira (PT-São Bernardo), Marcelo Oliveira (PT-Mauá) e o pré-candidato ao Paço de Rio Grande da Serra Claudinho da Geladeira (PT) também estiveram presentes no ato. “Essa é luta preventiva contra aquilo que o Temer vem tramando junto com o PSDB, o DEM e o PPS. Algo que vai além do golpe contra a presidente: um possível ataque aos direitos dos trabalhadores. Neste momento, está em curso programa que visa rasgar a carteira de trabalho. Nenhum patrão terceiriza para melhorar, é para precarizar. Também estamos lutando para manter as conquistas dos governos Lula e Dilma dos últimos 13 anos, como o Fies e o Prouni”, disse Barba.

Para a militante da Marcha Mundial das Mulheres e integrante da FBP Thaís Lapa, 30 anos, o protesto vem para “marcar posição política no Grande ABC contra o impeachment que as organizações sociais entendem como golpe, como algo ilegítimo”.

Diretora executiva do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Ana Nice (PT) afirmou que o momento pode ser de retrocesso para o gênero feminino. “Para nós, mulheres, este dia é de muita indignação. Esse golpe é um ataque à democracia, que ainda é bastante incompleta porque não há igualdade de gênero no País. Nós, brasileiras, trabalhadoras e metalúrgicas, estamos aqui para protestar e resistir contra os ataques machistas que a presidente Dilma vem sofrendo”.

Levante Popular da Juventude e a JAE (Juventude da Articulação de Esquerda), ala mais socialista do PT, se mobilizavam entre a multidão. “Levando em consideração que o golpe já está em andamento, é importante brigar por mais direitos, principalmente na categoria em que trabalho, na qual a juventude atua em peso, muitas vezes mais trabalhando do que estudando, geralmente em empregos precarizados”, analisou o atendente de telemarketing e militante da JAE Anderson Lopes de Menezes, 29.

Além dos movimentos sociais organizados e dos sindicatos, cidadãos como a professora e artista de Ribeirão Pires Mariana Carolina de Lima, 35, compareceram ao ato. Para Mariana, a arte é essencial em ações políticas como essa. “Viemos fazer intervenção artística porque a gente acredita que traz uma paz para a realização do ato. É algo que abranda a violência da polícia, por exemplo.” 




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