O Brasil viveu ontem mais um desses episódios pitorescos que reforçam o estigma do País como protagonista das mais infames piadas internacionais. Posto no comando da Câmara dos Deputados interinamente, para ocupar o cargo do titular afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o maranhense Waldir Maranhão (PP) decidiu fazer “brincadeira com a democracia”, como bem definiu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e anulou a sessão que autorizou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), votado no dia 17, jogando ainda mais instabilidade no já conturbado ambiente político nacional.

Os parlamentares governistas – Maranhão, não se pode esquecer, desobedeceu à recomendação de seu partido e votou contra o relatório que pedia a investigação sobre a presidente – comprovam mais uma vez que não têm escrúpulos para manter Dilma no poder. Mesmo que isso signifique o esfacelamento de todas as recentes conquistas da população.

Enquanto toma decisões equivocadas e contrárias às determinações do próprio STF, que havia reconhecido a legalidade do rito do impeachment, a turma de Dilma permite que o desemprego, a maior chaga criada pela reeleição da presidente, à base de mentiras (como a de que não havia no horizonte crise econômica com que se preocupar), atinja esferas altíssimas. As crises política e econômica, por exemplo, colocam em xeque mais 4.100 postos de trabalho nas montadoras do Grande ABC, como apurou equipe de reportagem deste Diário.

O Brasil precisa exceder a fase de politicagem explícita, protagonizada por quem luta pelo poder sem nenhum objetivo maior que não seja o de se manter no comando. A derrota da crise econômica, que coloca o País na clandestinidade, endivida e desemprega a população, derruba a arrecadação de impostos, só vai acontecer no momento em que Brasília voltar a praticar a política com ‘P’ maiúsculo. Sem ela, a Nação continuará seguindo em marcha à ré, rumo ao subdesenvolvimento que se acreditava superado.