As indústrias do Grande ABC praticamente não abriram vagas em agosto. Dados da pesquisa de nível de emprego industrial realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo apontam estabilidade na geração de emprego pelo setor na região.

Em agosto, o saldo de vagas ficou negativo em 90 postos, o que representa variação de 0% em relação a julho. Porém, no mesmo mês em 2010, foram gerados 8.000 postos, diferença gritante.

Para o diretor da regional do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, os empresários colocaram o pé no freio por conta das incertezas da economia. "Está todo mundo em stand by. Não se sabe se a crise vai impactar os negócios no País e nem se a economia continuará crescendo."

Um dos indícios da desaceleração da atividade econômica são os números da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, montadoras e concessionárias somam 398.796 carros parados nos pátios e nas lojas, o que representa 37 dias para desová-los.

"O governo está tentando fazer algo, mas que não chega na ponta", diz, referindo-se ao programa de incentivo à indústria Brasil Maior, anunciado pela presidente Dilma Rousseff no início de agosto. O plano prevê a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para montadoras com fábricas no País, com a contrapartida de aumentar o total de peças nacionais na composição dos veículos, elevar as contratações e investir em novas tecnologias.

Miaguti ressalta que esse tempo não poderia ser perdido, pois esse é um período em que as produções normalmente crescem para atender a demanda de fim de ano. "Os empresários da região que têm recursos não estão investindo na ampliação do parque fabril por insegurança. Neste momento falta a ousadia da desoneração do investimento ao empresariado, ou mesmo uma posição mais clara dos rumos da economia."

O diretor lembra também que boa parte dos empreendedores está sendo prejudicada com a enxurrada de importados, por conta do real valorizado, que torna mais baratos os itens vindos de fora, em especial os asiáticos.

Diadema gerou 100 postos de trabalho, Santo André (que inclui Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) criou 10, São Caetano fechou 150 e São Bernardo encerrou 50. O resultado do emprego nas indústrias foi influenciado pelas variações positivas dos setores de produtos de borracha e material plástico (0,54%) e produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (0,44%). Os números não foram melhores devido ao mau desempenho dos setores de produtos químicos (-0,95%) e máquinas e equipamentos (-0,36%).