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Para Mercadante, país pode admitir inflação de até 9%
26/03/2004 | 23:05
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A experiência internacional mostra que taxas anuais de inflação entre zero e 9% não impedem o crescimento econômico sustentado, afirmou nesta sexta o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). ‘‘Quando a inflação é de dois dígitos, ela acaba prejudicando a rota do crescimento’’, disse. No entanto, sustenta o senador, as evidências mostram que a inflação, quando varia perto dos 5%, permite boas taxas de crescimento.

Quinta, durante audiência do presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, na Comisão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Mercadante defendeu a elevação da meta de inflação de 2005 de 4,5% para 5,5% e a manutenção desse porcentual também em 2006. Com isso, os juros poderiam ser mais baixos e seria aberto mais espaço para o crescimento da economia. Nesta sexta, ele explicou que, apesar de advogar a tese de que uma inflação de até 9% não impediria o crescimento sustentado, defende a meta de 5,5% para não prejudicar o poder aquisitivo da população.

‘‘Defendo 5,5% porque, quanto menor a inflação, melhor para o país’’, disse. ‘‘É para preservar a renda da população.’’ Ele acha que a meta de 5,5% é, ao mesmo tempo, ambiciosa e factível pelo país. ‘‘Não há estudo que mostre qual é a inflação ideal para o Brasil’’, comentou. Para comparar, Mercadante lembrou que a meta de inflação para a Europa é de 2%. ‘‘Mas nós não somos a Europa, não temos o PIB nem as instituições da Europa.’’

Ele reafirmou, porém, ser ‘‘totalmente contra’’ alterar a meta de inflação fixada para este ano, que já é de 5,5%. Segundo o senador, o governo tem espaço para discutir a elevação da meta de inflação dos próximos dois anos porque ela não figura em nenhum instrumento decisivo de política econômica. ‘‘A meta não está no PPA (Plano Plurianual), nem na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Por isso, não há problema em rediscuti-la’’, afirmou.

A meta é fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Questionado se, na sua avaliação, uma inflação de até 9% seria suportável para o país, ele respondeu: ‘‘É isso o que a teoria econômica mostra.’’ Para comprovar a afirmação, Mercadante recorreu a números apresentados por Meirelles na CAE, comparando a inflação média com a taxa média de crescimento de diversos países, no período de 1985 a 2003.

O Chile, por exemplo, cresceu 5,7% com uma inflação de 11,9%. Já o Brasil, que teve inflação de 221% no período, cresceu apenas 2,6%. O México, com inflação de 29,7%, também cresceu 2,6%. Em comparação, a Índia cresceu em média 5,6% com uma inflação de 7,9% e a China, 9,5% com uma inflação de 6,9%.




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