Política Titulo Editorial
Apenas estatísticas
Do Diário do Grande ABC
23/04/2016 | 11:49
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Dez dias antes da votação do segundo turno da eleição presidencial de 2014, a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) abordou a questão do desemprego em atividade de campanha. “O PSDB cria o desemprego porque acha que precisa fazer ajustes, reduzindo empregos e salários. Eu crio empregos e melhoro salários”, frisou a petista na oportunidade.

Um ano e meio depois, a petista, que obteve a maioria dos votos naquele pleito, não pode mais se gabar dos índices de trabalhadores com carteira assinada no País, que só cai há 12 meses seguidos, segundo números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Somente em março foram fechadas 118,7 mil vagas formais, pior resultado para o período nos últimos 25 anos. No Grande ABC foram registrados 48.253 cortes de abril de 2015 a março deste ano. Ao balbuciar as informações na disputa por mais um mandato no Palácio do Planalto, Dilma vilipendiou o cidadão brasileiro. Pois sabia que tratava-se apenas de retórica eleitoral para conquista de votos. Jamais admitiria que o Brasil dava sinais de esgotamento do consumo e, consequentemente, da produção. Se o fizesse, seria suicídio político. Preferiu enganar para vencer. Iludiu um povo que começava a se acostumar com ascensões social e financeira, oriundas de estabilidade econômica e investimento em políticas públicas voltadas às classes menos favorecidas, a partir de 1995.

Chamar o método de campanha de Dilma de indução ao erro, de inverdade, de estelionato e – por que não? – de golpe não seria desmedido. Mas a grandeza da admissão das falhas e das falsas promessas nunca será colocada em prática pela presidente e por seu grupo. A eleição já passou. As urnas lhe renderam mais quatro anos no controle. E isso basta. Mas esse período pode ser encurtado se o processo de impeachment avançar no Senado nos próximos dias.

Tanto sua chegada à Presidência quando sua possível saída antecipada têm seus elementos mais maquiavélicos: o que move a política é a luta pela conquista e pela manutenção do poder. Os trabalhadores são apenas estatísticas que pouco interessam. 




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