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São Caetano é primeira
em poupança no País
Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
11/09/2011 | 07:30
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A caderneta de poupança é segura. O risco, em comparação com outros investimentos, é bem menor. Características que os moradores de São Caetano têm pleno conhecimento. A cultura conservadora da cidade deixou marca no fim do primeiro semestre. O município atingiu o primeiro lugar nacional de dinheiro na poupança por morador entre as cidades com mais de 100 mil habitantes.

A média per capita de recursos na caderneta foi de R$ 8.977. Resultado de R$ 1,3 bilhão aplicado na modalidade. É claro que nem todas as pessoas colocaram dinheiro na poupança, tendo em vista que é uma média. Mas a fatia dos 149.263 moradores que aplicou sabe terá retorno garantido. A engorda do capital é, em média, de 6% ao ano. De cada R$ 100 parados por 12 meses no banco, o investidor terá mais R$ 6 no fim do ano. E mais três características atraem essas pessoas. Não há Imposto de Renda; é possível tirar o dinheiro a qualquer momento sem pagar nada; e só há risco de perda se o País quebrar.

"O morador de São Caetano não gosta de risco", avalia o professor de Finanças José Ricardo Escolá de Araújo, que ministra aulas na Fundação Getulio Vargas, Universidade Municipal de São Caetano e é consultor da Federação Brasileira de Bancos.

Escolá de Araújo diz que a população do município é, de modo geral, superavitária. Essa característica, na sua opinião, ocorre por causa da alta renda dos moradores, que gozam do melhor Índice de Desenvolvimento Humano do País.

RENDA 

Estudo da FGV revelou, em junho, que São Caetano tinha a terceira maior renda média per capita do Brasil, com R$ 1.864,28. Apenas Niterói e Florianópolis, com R$ 2.064,30 e R$ 1.975,50, respectivamente, estavam na frente.

O resultado aponta que, em média, o rendimento de uma família com quatro integrantes é de quase R$ 7.500. E isso contribui muito com o resultado de aplicações na poupança, concordam os especialistas.

Com dinheiro suficiente para pagar as contas básicas, sobra de recursos e conservadorismo financeiro, o resultado é de grandes aplicações na poupança.

Fator que contribui para a cultura conservadora do município é a grande quantidade de idosos, avaliou o coordenador do Instituto de Pesquisas da USCS, Leandro Prearo. "A população é envelhecida. As chances de poupar, neste caso, são maiores", analisou.

Prearo explica sua análise com dados da Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS. Em média, na região, os gastos essenciais das famílias comprometem 64,3% da renda mensal. Sobram 35,7% dos salários após as despesas básicas como alimentação, transporte, higiene e limpeza.

Mas no caso das famílias que têm, pelo menos, um idoso, característica com grande representatividade em São Caetano, a situação muda. Os gastos básicos pesam menos. Em média, na região, 59,7% do rendimento vão para essas despesas. A média de sobras sobe para 40,3% do orçamento do domicílio, informa Prearo.

PESQUISA

A equipe do Diário chegou aos resultados por meio de cruzamento de informações do último relatório do Banco Central de estatísticas bancárias municipais, de junho, e o Censo 2010 do IBGE.

Diferença entre o segundo lugar é de quase R$ 2.000

Niterói é a segunda da lista de maior poupança per capita nacional entre as cidades com mais de 100 mil habitantes. São R$ 7.024,39 por morador, o que representa R$ 1.953,40 a menos do que São Caetano.

Mas em relação a todos os municípios brasileiros, São Caetano perdeu uma posição no ranking, passando ao terceiro lugar. Em maio, eram R$ 9.000 por pessoa.

Monte Belo do Sul e Garibaldi, ambas no Rio Grande do Sul, são respectivamente a primeira e segunda da lista. Na ordem, a aplicação per capita na poupança das cidades é de R$ 9.307,62 e de R$ 9.203,99. Mas é preciso considerar que as populações desses municípios são enxutas. Monte Belo do Sul tem 2.670 habitantes, e em Garibaldi são 30.689 moradores.

O professor de Finanças José Ricardo Escolá de Araújo avaliou que a comparação com cidades com mais de 100 mil habitantes é mais coerente. "Se entraram dois fazendeiros em cidades com poucos moradores, eles têm grande chance de puxar para cima a renda per capita." Monte Belo do Sul ocupava a quarta posição nacional geral em maio.




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