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Marina Silva barganha o apoio
07/10/2010 | 08:56
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'Noiva' mais cobiçada do segundo turno da sucessão presidencial, a senadora Marina Silva (PV-AC) sinalizou ontem, três dias após o primeiro turno, que não abrirá mão de pelo menos dois pontos para negociar um possível apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB): propostas concretas para melhorar a Educação no País e a posição dos seus ex-adversários sobre a proposta do novo Código Florestal. Em entrevista, em São Paulo, a verde disse que as discussões sobre um possível apoio no segundo turno serão baseadas em propostas - já que nem Dilma nem Serra apresentaram plataforma de governo até agora - e rechaçou a possibilidade de negociação em torno de cargos. "É preciso traduzir isso (preocupação com Educação e meio ambiente) não só em números e palavras de ordem", disse. "Não basta ser algo declaratório."

Segundo Marina, o PV - que vai preparar hoje documento com dez propostas que serão encaminhadas ao PT e ao PSDB - não tem a pretensão de que os candidatos assumam compromisso com todas as suas propostas. "Vamos ver como é que os compromissos serão internalizados (nas plataformas de Dilma e Serra)", afirmou. Ela lamentou que a petista e o tucano não tenham se posicionado sobre o Código Florestal no primeiro turno. "O que foi um retrocesso, no meu entendimento." Marina disse que, durante o debate interno sobre a posição do partido no segundo turno, o que tem prevalecido é a preocupação de como atender às expectativas e provar estar à altura dos 20 milhões de votos dados à candidatura verde. "O que pesa para mim é a responsabilidade", admitiu. Ela destacou que neste momento o mais importante é entender o recado das urnas. "Há um recado sendo dado que precisa ser aprendido", disse, referindo-se à posição contrária de seus eleitores ao que vem chamando de "velha política" e à derrota dos senadores tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM).

Para Marina, além de corresponder aos seus simpatizantes, o PV está tendo a oportunidade agora de falar aos mais de "100 milhões de eleitores".

Ela evitou comentar às recentes declarações de Serra de que sempre defendeu a causa ambientalista. "A sociedade vai olhar para atitudes e posturas.Não posso julgar", tergiversou.

"Coração sangrando" - Ao recordar sua saída do PT em "nome de seus valores" e comentar sua ligação pessoal com ex-colegas do partido, Marina segurou as lágrimas e se emocionou, admitindo que falava com o "coração sangrando". "O coração está tranquilo", disse, se recompondo em seguida.

Ela reforçou que sua ligação com o PT não influirá na decisão que tomará nos próximos dias. "O que vai pesar para mim são os compromissos com a nova postura", ressaltou.

Marina voltou a admitir que poderá, ao fim do processo de discussão interna no PV, discordar de seu partido. "Espero que eu possa convergir com o partido." De acordo com Marina, o processo eleitoral mostra que a sociedade amadureceu porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (detentor de 80% de aprovação popular) "não conseguiu fazer com que sua candidata fosse eleita no primeiro turno" e o segundo colocado só foi para o segundo turno graças aos eleitores do PV. "(O segundo turno) é uma bênção, é uma aprendizagem."

PV sinaliza para posição de independência no segundo turno
Em reunião de mais de quatro horas, representantes de grupos sociais e colaboradores da campanha de Marina Silva (PV) à Presidência da República deram indicativo de qual deverá ser o destino da legenda no segundo turno: a neutralidade. Embora a coordenação da campanha rechace a palavra "neutralidade" e prefira o termo "independência", o que imperou na reunião de ontem em São Paulo é a preocupação em manter o capital político herdado nas urnas. "Vamos fechar um posicionamento, isso não quer dizer apoiar um ou outro. Podemos ter a posição de ficarmos independentes", disse o ex-coordenador geral da campanha, João Paulo Capobianco.

O dirigente considera "neutralidade" um termo equivocado por dar a impressão ao eleitor de que o PV não dá a devida importância ao segundo turno.

"Neutro é um termo inapropriado, significa sem posição política. O correto é ‘independente'", afirmou. Isso significa, em outras palavras, que há uma forte corrente na campanha que apoia a ideia de deixar a decisão para o eleitor, sem um posicionamento oficial de Marina favorável a Dilma Rousseff (PT) ou a José Serra (PSDB). (da AE)

 




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