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Motor ecológico já é realidade
Helder Lima
Enviado pelo Diário a Dearborn (EUA)
28/08/2001 | 18:56
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Um olhar sobre o futuro do automóvel é o que de mais precioso se pode colher no laboratório de pesquisas da Ford Motor Company em Dearborn, onde está estabelecida a matriz da segunda maior corporação automotiva do mundo. É incerto o prazo em que as inovações de tecnologia, sobretudo de motorização, estarão na garagem do consumidor brasileiro – pois isso depende dos percalços políticos e econômicos a que o mercado será submetido –, mas o que efetivamente vamos dirigir no futuro já pode ser conhecido, pelo menos em termos de princípios da engenharia automotiva.

O reinado do centenário motor a explosão está com seus dias contados. Mas isso não quer dizer que ele será eliminado das ruas e estradas. “O futuro será um cenário complexo”, diz Gerard Schmidt, um alemão com 20 anos de BMW no currículo e que atualmente destina sua sabedoria e experiência à poderosa corporação norte-americana, chefiando uma equipe de 1,3 mil cientistas distribuídos em dois laboratórios: o da matriz e o da Alemanha, em Aachen. A possível complexidade a que Schmidt se refere está na convivência de várias tecnologias de propulsão, todas elas com pretensões de se mostrarem ambientalmente corretas e, obviamente, com altas taxas de desempenho.

A menina dos olhos da silenciosa transformação que se realiza nos corredores assépticos dos centros de pesquisas da Ford atende pelo nome de célula de combustível. Para os países do Primeiro Mundo, a tecnologia deverá entrar em produção em 2004. Atualmente, ela está em desenvolvimento no modelo Focus FCV. Por definição, a célula de combustível adota um processo de transformação do hidrogênio, que converte energia química em elétrica. Esta, por sua vez, alimenta os motores elétricos que fazem o automóvel se locomover. O subproduto do funcionamento da célula de combustível é o vapor de água, o que significa que a emissão do escapamento é 100% limpa.

A maior dificuldade dessa tecnologia está em prover a infra-estrutura para abastecimento dos carros. Os postos de combustíveis deverão operar com reformadores de água que produzirão o hidrogênio. Há também a possibilidade do hidrogênio ser obtido por processo interno no automóvel, por meio de reações com gasolina ou metanol. Isso permitiria o uso da infra-estrutura existente de abastecimento, mas o veículo teria uma performance pior e o resultado da queima do combustível não seria totalmente limpo.

Outra tecnologia sobre a qual os técnicos da Ford estão trabalhando é a do motor híbrido que equipará a partir da versão 2003 o Escape, um utilitário esportivo (SUV) compacto que atualmente é a porta de entrada da linha de off-roads da marca. O propulsor em desenvolvimento trabalha com três motores: um a explosão, mas com ciclo de cinco tempos (ciclo atkinson – depois da admissão, um tempo de retorno otimiza a mistura para a compressão), e dois elétricos, dos quais um é o gerador e o outro proporciona a tração. O desempenho do motor híbrido do Escape será equivalente ao de um propulsor V6 a gasolina com 200 cv. O consumo médio, por sua vez, será de 16,5 km/litro, marca que não é nada má para o desempenho que será proporcionado.

O jornalista viajou a convite da Ford




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