Economia Titulo Balanço
Indústria demite 86 por dia na região

Falta de confiança dos investidores e taxas
de juros elevadas inibem a atividade produtiva

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
15/04/2016 | 07:30
Compartilhar notícia
Anderson Silva/DGABC


A indústria do Grande ABC eliminou 31,6 mil postos de trabalho no período de 12 meses finalizado em março. Isso equivale a 86 cortes por dia ou quase quatro por hora. O ritmo do desemprego vem aumentando: no ano encerrado em março de 2015, foram contabilizadas 21,5 mil demissões – o equivalente a 59 dispensas diárias ou 27 a menos. Os dados são da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

No primeiro trimestre de 2016, 6.150 pessoas perderam o emprego no setor, 2.100 a mais do que no mesmo período do ano passado. Considerando apenas o mês passado, 2.500 vagas foram fechadas, ritmo um pouco menor do que o registrado em março de 2015: 2.950. Porém, quando comparado a fevereiro, a intensidade foi ampliada, pois no segundo mês do ano foram 1.600 cortes. A diretoria regional do Ciesp de Santo André foi a que teve o maior saldo negativo.

O diretor titular em exercício do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, comenta que a crise política enfrentada pelo País é um dos principais entraves ao crescimento do setor. “Gera um clima de insegurança que provoca retração, já que os empresários temem fazer investimentos que não deem retorno. Esse medo também afeta o consumidor final, que opta por comprar somente o necessário, fazendo reduzir a demanda.”

Ele avalia que, caso a base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) consiga barrar a votação do impeachment na Câmara dos Deputados no domingo, a insegurança do setor irá aumentar ainda mais. “O governo não tem maioria e, mesmo que sobreviva a esse processo, não conseguirá dirigir o País”, salienta.

Outro fator citado por Miaguti como prejudicial às indústrias são as taxas de juros elevadas. A Selic, que é a base para definição das demais taxas aplicadas pelos bancos, está fixada em 14,25% ao ano desde julho de 2015. Segundo ele, os juros altos fazem com que os investidores tendam a aplicar o dinheiro no mercado financeiro, e não em melhorias nas fábricas. “É uma política equivocada de combate à inflação. Deveriam manter os juros baixos para estimular a produção. Isso faria aumentar a concorrência, puxando, naturalmente, os preços para baixo.”

Já o diretor titular do Ciesp Diadema, Donizete Duarte da Silva, frisa que a indústria do Grande ABC não possui nível adequado de tecnologia e capacitação para fazer frente ao mercado internacional. “Passamos recentemente por um momento de desvalorização do real, no qual diziam que as nossas exportações aumentariam. Mas infelizmente nada aconteceu”, lamenta. “A nossa indústria não é competitiva. É braçal.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;