Economia Titulo Prejuízo
Vendas de pequenas empresas têm queda de 15% no primeiro bimestre

Desemprego e falta de confiança do consumidor provocam perdas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
13/04/2016 | 07:22
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Divulgação


As receitas das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC tiveram queda real (descontada a inflação) de 15% no primeiro bimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado. Em números absolutos, o faturamento desses estabelecimentos caiu de R$ 4,7 bilhões para R$ 4 bilhões, ou seja, houve prejuízo de R$ 700 milhões. No Estado, a retração foi de 15,9%. Os dados foram divulgados ontem pelo Sebrae-SP e já descontam a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). No acumulado de 12 meses até fevereiro, o indicador atingiu 11,08%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Considerando apenas o mês de fevereiro, as MPEs da região tiveram o faturamento reduzido em R$ 223,3 milhões, chegando ao total de R$ 2,1 bilhões. Na comparação com o segundo mês de 2015, quando a receita total foi de R$ 2,32 bilhões, as perdas são de 9,6%. No Estado, foi contabilizada retração real de 11,4% nos ganhos, passando de R$ 50,34 bilhões para R$ 44,6 bilhões. Foi a 14ª queda consecutiva registrada em um mês na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O economista Pedro Gonçalves, consultor do Sebrae-SP, explica que a diminuição nas vendas das empresas de micro e pequeno porte é provocada pelo aumento no desemprego e pela queda na massa de renda da população. “O grande mercado das MPEs é o consumidor final, ou seja, a pessoa física. Por isso esses fatores têm impacto relevante”, comenta.

A insegurança diante do cenário econômico do Brasil também gera retração, já que os compradores ficam com medo de contrair dívidas, especialmente as de médio e longo prazos.

Dentro do universo das MPEs no Estado, as indústrias tiveram redução de 13,7% no faturamento em fevereiro, seguidas pelas firmas do setor de serviços (-12,7%) e do comércio (-10%). A pesquisa não dispõe desse recorte por região.

O nível de ocupação nas micro e pequenas empresas do Grande ABC caiu 1,7% em fevereiro ante o mesmo período do ano passado. No Estado, a queda foi de 2,3%. A estatística inclui os sócios-proprietários, familiares dos donos e funcionários terceirizados. A folha de salários foi enxugada em 1,2%. Não há estimativa do estoque de trabalhadores nessas companhias.

Diante do panorama negativo, os micro e pequenos empresários demonstram pessimismo e descrença em sinais de melhora. Em março de 2015, 6% dos entrevistados não sabiam prever a evolução do seu negócio nos próximos seis meses, percentual que subiu para 12% no mês passado. A proporção de pessoas sem perspectivas dos desdobramentos da economia para os seis meses seguintes passou de 7% para 16%.

A desconfiança prejudica ainda mais a retomada do crescimento, explica Gonçalves. “Os empresários passam a agir com mais cautela, só investindo quando realmente identificam oportunidade de mercado.” Em todo o Estado, 21,9% das MPEs fecham antes de completar dois anos de existência, segundo o Sebrae-SP.
 




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