Taxas de juros, condições macroeconômicas, setores produtivos, exportações e câmbio são os assuntos discutidos nas mesas cercadas de adolescentes, todos estudantes do Ensino Médio. Nas arquibancadas, pais, colegas e professores compõem as torcidas das equipes. A ansiedade e a concentração estão à flor da pele dos alunos que analisam contextos econômicos em busca das ações de melhor rentabilidade. Este cenário poderia parecer inédito, mas não é. Trata-se de mais uma das eliminatórias do Desafio BM&F Bovespa, que nesta fase, contou com a participação de quatro instituições de ensino do Grande ABC.

Não foi dessa vez que os colégios da região saíram vitoriosos. Apesar de figurarem em boa colocação nas rodadas, no acumulado, o resultado da simulação não foi tão positivo, ao contrário do sentimento dos alunos, que ficaram ainda mais motivados para atuar no mercado.

Das escolas da região, a que teve melhor resultado foi a Etec Júlio de Mesquita, de Santo André, em 10º lugar. A equipe já vinha se preparando para o desafio, com aulas especiais ministradas pelo professor Luiz Henrique Calábria. Para ele, a crise financeira internacional vem provocando ainda mais interesse nos estudantes.

"Nós usamos jornais como material didático para as aulas. Os alunos passaram a querer entender o que está acontecendo com mercado", conta. "É fundamental para que eles entendam importância dos governos e da organização econômica do País."

A importância pedagógica do Desafio também é lembrada por Cátia Heimann, professora de história do Instituto Barão de Mauá, também de São Bernardo, que cravou a 28ª posição. "Com certeza queremos fazer um trabalho mais focado para o Desafio do ano que vem", afirma. "Discutimos muito esse assunto nas aulas. Os alunos tem muito interesse no tema."

Nem mesmo a desclassificação para a final desanima os jovens. "Eu gosto muito de mexer com isso, eu investiria na Bolsa com certeza", afirma Guilherme Magalhães, aluno da Escola Estadual Francisco Cristiano Lima de Freitas, de São Bernardo, que ficou no 15º lugar. "É muito bom ter experiências em trabalhar sob pressão."

O resultado não decepcionou o professor Daniel Moretti, que entende a dificuldade da prova. "É muito estresse. Depende de muitos detalhes. Aos poucos os alunos vão se integrando."

Além destas, a Escola Estadual Professor Maurício Antunes Ferraz, de São Bernardo, marcou presença no evento pela primeira vez e ficou em 23º lugar. Os novatos, por outro lado, optaram por deixar a preparação por conta dos alunos, passando os conteúdos que seriam essenciais para o Desafio.

"Orientamos os alunos e deixamos por conta deles. Eles se interessam demais, justamente por causa dessa vontade de conhecer tudo que é novo, inerente aos adolescentes", afirma Fernanda Nunes, professora.