Policiais da Polinter (Polícia Internacional) prenderam, na tarde desta quarta-feira, na Barra da Tijuca, o presidente da Associação de Moradores da Rocinha, William de Oliveira, por associação para o tráfico de entorpecentes. Segundo o chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, William era o responsável pelo repasse das propinas dadas pelos traficantes daquela favela para a ex-presidente da Associação, Maria Luíza Carlos, 36 anos.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Maria Luíza era a encarregada de levar o dinheiro para os policiais militares do 23° BPM (Leblon) envolvidos no esquema, para que não houvesse repressão ao tráfico de drogas no local.

William teve sua prisão decretada pela Justiça, após o depoimento prestado por Maria Luíza, revelando como era feita a entrega. "William já vinha sendo investigado desde o ano passado e, como presidente da Associação, procurava dar uma face legal ao tráfico", disse Álvaro Lins.

Maria Luíza foi presa na terça-feira, também por policiais da Polinter, na ‘Operação Navalha na Carne’ – elaborada, por determinação do secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, pela Subsecretaria de Inteligência, com base em informações trocadas pelas corregedorias das polícias Civil e Militar. A operação tem o objetivo de investigar, identificar e prender policiais envolvidos com o crime.

Os agentes daquela especializada também cumpriram mandados de busca e apreensão na sede da Associação de Moradores da Rocinha e em duas casas de William naquela favela. Foram apreendidos diversos documentos, computadores e aparelhos telefônicos, que serão analisados pelo setor de inteligência da polícia, para descobrir o que era utilizado pelo tráfico.

Ainda na terça-feira, o comandante-geral da PM, coronel Hudson de Aguiar, determinou a prisão do capitão Marcus André Barbosa Goeth, do 23° BPM, ao tomar conhecimento que, em depoimento prestado na Polinter, Maria Luíza Carlos havia afirmado que entregava ao oficial propinas encaminhadas por traficantes. O capitão está preso no Batalhão Especial Prisional, em Benfica.

Na última sexta-feira, na primeira ação da ‘Operação Navalha na Carne’, outros quatro PMs do 23° BPM foram presos, em cumprimento de mandados de prisão solicitados pela polícia e expedidos pela Justiça.