Economia Titulo Indústria automotiva
Produção de veículos atinge nível mais baixo desde 2003

Número total de unidades fabricadas pelas montadoras caiu 27,8% de janeiro a março

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
07/04/2016 | 07:22
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A indústria automotiva brasileira teve o pior desempenho para o primeiro trimestre desde 2003 – o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Balanço divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) revela que, entre janeiro e março, foram produzidas 482,3 mil unidades nas montadoras do País,volume 27,8% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior (667,6 mil). O levantamento inclui carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Os resultados de março também são os piores desde 2003. A produção no mês passado foi de 195,3 mil veículos, decréscimo de 23,7% ante igual período de 2015, quando saíram das fábricas 255,9 mil unidades.

A queda na produtividade está relacionada à diminuição na demanda por automóveis zero-quilômetro, situação que é provocada pelo momento de recessão na economia brasileira. Além de fatores como desemprego, queda na renda média da população e restrição ao crédito por parte dos bancos e financeiras, o cenário de instabilidade gera sensação de insegurança no consumidor, que teme não ter condições de pagar as parcelas do financiamento. No primeiro trimestre, as vendas tiveram redução de 27%, passando de 559,9 mil para 408,5 mil, pior desempenho desde 2006.

“Os resultados de licenciamento dos primeiros dois meses deste ano ficaram acima das nossas expectativas. Contudo, esperávamos que em março houvesse elevação mais significativa do ritmo de vendas médias diárias, o que não ocorreu. Isso é resultado da falta de confiança ocasionada pelas questões políticas vivenciadas pelo País que, somada à falta de definição no cenário de curto prazo, segue contaminando a economia”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

PARADO - Atualmente, as montadoras atuam com estoque de 259 mil veículos (em fevereiro, eram 246,3 mil). A estimativa das empresas é a de que, mantido o ritmo atual de vendas, sejam necessários 43 dias para que os pátios e concessionárias sejam completamente esvaziados. No mês anterior, o tempo necessário para desovar o estoque era de 41 dias.

Como consequência da crise, o nível de mão de obra caiu 8,7% no mês passado na comparação com março de 2015. Em números absolutos, foram 12,3 mil cortes nesse intervalo. Atualmente, as montadoras empregam 128,5 mil pessoas, nível semelhante ao de 2010.

Apesar do panorama pouco animador, a entidade manteve as projeções para este ano: aumento de 0,5% na produção total e queda de 7,5% nos licenciamentos. A esperança está nas exportações, cuja previsão da Anfavea é de elevação de 8,1% ante 2015. No primeiro trimestre, inclusive, as vendas para o Exterior tiveram alta de 24%. “O câmbio está favorecendo o comércio internacional”, comenta o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa. Isso porque o real está desvalorizado frente ao dólar, oscilando, nas últimas semanas, entre R$ 3,50 e R$ 4.

Outro fator que pode impulsionar as exportações é a recuperação de parceiros comerciais do Brasil, em especial a Argentina. O México, que também é tradicional comprador dos veículos brasileiros, é outro que aumentou a participação nas transações.

INVESTIMENTOS - A Anfavea destaca que, mesmo diante dos resultados negativos no primeiro semestre, as empresas continuam mantendo o plano de investimentos no País. A Volkswagen, por exemplo, anunciou em março aporte de R$ 200 milhões na fábrica de São Bernardo para modernização de planta voltada à produção na nova Saveiro. A General Motors também está adequando a unidade de São Caetano visando iniciar, em meados deste ano, a fabricação do modelo Ônix.

A Mercedes-Benz, cuja sede fica em São Bernardo, inaugurou no mês passado fábrica em Iracemápolis, no Interior. O investimento aplicado pela montadora foi de R$ 600 milhões. Foram gerados 500 empregos. 




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