Economia Titulo Crise
GM prorroga lay-off de 1.200 por mais um mês

Trabalhadores que estão afastados há quase
dois anos se queixam e pedem revezamento

Marina Teodoro
Especial para o Diário
07/04/2016 | 07:15
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Claudinei Plaza/DGABC


A negociação sobre o destino dos 1.200 funcionários da General Motors que estão em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) parece estar longe de ter um final. Isso porque a montadora informou ontem que irá prorrogar por mais um mês o afastamento, para que possa pensar em soluções a respeito do futuro dessa mão de obra e chegar a acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano.

Esses 30 dias servirão para a entidade que representa os trabalhadores pensar em nova proposta para apresentar à companhia, sem abrir mão da cláusula do acordo coletivo que garante estabilidade aos funcionários que foram vítimas de acidente de trabalho ou que são portadores de doença profissional.

“Se dependesse de nós, já teríamos entrado em acordo definitivo a respeito dos empregados suspensos. Mas, como a GM exigiu a exclusão da estabilidade, não pudemos aceitar”, declara o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano Francisco Nunes.

A associação deixou claro que não irá ceder quanto à manutenção da cláusula de proteção aos sequelados, e que tem até dia 7 de maio para pensar em nova alternativa para voltar às negociações com a montadora. Dos 1.200, cerca de 800 têm alguma restrição de saúde. Porém, de acordo com Nunes, é provável que na semana que vem haja mais um encontro para a apresentação de novas propostas.

Em nota, a GM informou: “É preciso levar em conta a situação desafiadora por que passa a indústria automotiva brasileira. Esta solução passa pelo entendimento de que o mercado esperado para este ano é quase 50% menor do que aquele verificado ao final de 2013. O que exige, portanto, readequação da produção e da estrutura da empresa no País”.

O OUTRO LADO - A notícia não agradou muito os trabalhadores. Um funcionário que preferiu não se identificar se mostrou apreensivo e, ao mesmo tempo, revoltado com a situação. “Minha carteira de trabalho já está esgotada de tanto carimbo de lay-off”, afirma ele, que atua na empresa há 25 anos e está suspenso desde o fim de 2014, completando quase um ano e sete meses de lay-off. “Quando recebemos a notícia, em novembro, éramos entre 800 e 900 empregados suspensos. Hoje, restaram aproximadamente 150 desse grupo. Do restante, a maioria pediu demissão, e poucas foram reintegradas”, lembra.

Nunes admite que, do primeiro grupo a entrar em lay-off, muitos trabalhadores foram penalizados e preferiram deixar a empresa e, hoje, esse contingente não atinge nem 200 pessoas. “O que deixa a gente nervoso é por que não há um revezamento entre os suspensos. Poderíamos retornar para a empresa e outro pessoal ficar afastado no nosso lugar”, comenta um dos operários afastados, que também preferiu manter sigilo.

O revezamento é prática utilizada e permitida diante das leis. Questionado sobre a não adoção do rodízio de profissionais, o vice-presidente do sindicato declarou que já foi proposto à GM reintegrar os funcionários que estavam em lay-off há mais tempo. “Mas, por ter atualizado a linha de produção, a empresa achou que esses empregados teriam mais dificuldades de readaptação e, por isso, os manteve suspensos.”

Nunes, entretanto, não descarta colocar como proposta, na próxima reunião com a montadora, o revezamento dos profissionais afastados.


Acima de 7 meses, suspensão é paga por empresa

O lay-off é uma ferramenta que permite às empresas que não conseguem manter o nível de produção em períodos de crise afastar os funcionários para realização de cursos de aprimoramento. Dessa maneira, o trabalhador recebe benefício do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), cujo teto é o mesmo do seguro-desemprego, de R$ 1.542,24, como parte de seu salário, enquanto o restante é complementado pela empresa.

A suspensão pode durar de dois a cinco meses, e pode ser estendida por até mais dois meses. Passada essa prorrogação, e considerando que os mesmos profissionais estão afastados, o governo deixa de ajudar, e a companhia deve arcar sozinha com os vencimentos.

No início do ano, a montadora contava com 2.200 trabalhadores afastados, com retorno previsto para 7 de março. Para evitar demissões, porém, devido ao mau desempenho do setor automotivo, foi feita nova renegociação, em que 1.000 funcionários foram reintegrados – separados em dois grupos de 500 –, enquanto o restante esperava retornar hoje e, agora, terá a vida profissional incerta por mais 30 dias. A GM possui 9.200 empregados, sendo que 1.200, ou 13% do total, estão em lay-off.
 




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