O governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, foi eleito ontem candidato único da oposição para enfrentar o presidente Hugo Chávez, no poder há 13 anos, na eleição presidencial de 7 de outubro. Capriles, de 39 anos, declara inspirar-se na esquerda moderada do PT brasileiro, e fez um discurso de reconciliação, num país profundamente polarizado entre pró e antichavistas. Os resultados da contagem não tinham sido anunciados até 21h45 locais (0h15 de hoje em Brasília) porque ainda havia seções eleitorais abertas para atender às filas de votantes.
Cinco pré-candidatos a presidente disputaram as eleições primárias, nas quais foram escolhidos também 17 candidatos a governador e 250 a prefeito, que se lançarão a eleições estaduais e municipais em novembro. A frente oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD),promete manter-se unida para enfrentar os chavistas. A deputada María Corina Machado, a única mulher dos cinco pré-candidatos, reconheceu a vitória de Capriles logo depois que o Conselho Nacional Eleitoral entregou o resultado da contagem de 95% dos votos à Comissão Eleitoral de Primárias da MUD. Ela prometeu apoia-lo. "A luta amanhã se intensifica", disse a deputada, a mais votada da Venezuela. "Todos reunidos ao redor de um só comando." Em segundo lugar nas pesquisas vinha Pablo Pérez, de 42 anos, governador do Estado de Zulia, também definido como de centro-esquerda.
Concorreram ainda o ex-senador e ex-chavista Pablo Medina e o diplomata Diego Arria. Muitos venezuelanos desafiaram Chávez e saíram para votar. A previsão inicial era a de fechar as urnas às 16 horas, mas muitas seções permaneceram abertas até bem mais tarde, por causa das filas. Em algumas seções o comparecimento superou 50%. Pela primeira vez na história da Venezuela, todos os 18 milhões de eleitores podiam participar em primárias unificadas da oposição. "Em todo o país, o povo saiu para votar, superando as expectativas que tínhamos", disse Teresa Albanes, presidente da Comissão Eleitoral.
O dia transcorreu com tranquilidade. As primárias tiveram o respaldo do Conselho Nacional Eleitoral, que forneceu as listas de eleitores, alugou as urnas eletrônicas para a frente oposicionista e contou os votos; e das Forças Armadas, que mobilizaram 90 mil homens para garantir a ordem. Apenas queixas localizadas de irregularidades, como propaganda nas seções eleitorais, foram registradas.
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