A consolidação do ex-ministro da Educação Fernando Haddad como candidato do PT à Prefeitura de São Paulo com aval do ex-presidente e padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva, desbancando a senadora Marta Suplicy, demonstra forte indício de uma nova linha de estratégia petista: de apostar na oxigenação de lideranças.

Diante desse cenário, mesmo prestes a disputar a reeleição em outubro, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), ainda é colocado como um dos principais planos do PT para entrar no páreo ao governo do Estado em 2014, ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Mesmo faltando oito meses para as eleições municipais, as movimentações visando a disputa estadual daqui dois anos já estão sendo encaminhadas, com o PT buscando alternativas para quebrar a hegemonia tucana de 16 anos.

Lula é um dos entusiastas para que Marinho alce voos mais altos na carreira. As condições criadas de articulação estadual e nacional para o pupilo é fator que favorece a indicação do prefeito. O mentor é o grande responsável pela ascensão política de Marinho, que passou de sindicalista a ministro do Trabalho e Previdência Social durante seu mandato no Palácio do Planalto até ser eleito prefeito em 2008.

O ex-presidente teria, inclusive, designado o afilhado político para apagar o incêndio na Câmara dos Deputados em função da disputa interna entre os parlamentares José Guimarães (CE) e Jilmar Tatto (SP) pela liderança da bancada. A tarefa do prefeito consistia em dialogar com os correligionários para que o paulista fosse escolhido líder da bancada petista, o que se confirmou.

Embora "lisonjeado", Marinho nega concorrer na sucessão imediata de Geraldo Alckmin (PSDB). "Tenho compromisso comigo mesmo de trabalhar uma gestão que transforme a cidade, esta é a tarefa. Tenho repetido de forma reiterada que hoje quem está mais bem colocado nessa possibilidade é o ministro (Aloizio) Mercadante", despista.

ARTICULADOR POLÍTICO

O prefeito de São Bernardo é um dos potenciais articuladores políticos da região, atuando ativamente para atrair aliados para seu projeto de reeleição e acompanhando diretamente a movimentação político-partidária nas cidades vizinhas. Ele contribui na interlocução do PSD no Grande ABC e no Estado, defendendo a união entre as duas legendas, principalmente no pleito para a Prefeitura de São Paulo, hoje, obsessão dos petistas.

A cientista política Maria do Socorro Souza Braga afirma que exercer o papel de articulador faz parte do jogo político para mostrar liderança fora dos limites locais. "Política é negociação. Essa característica pode ser estratégia para a manutenção no poder."