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Doce incentivo
Eliane de Souza
Do Diário do Grande ABC
04/08/2011 | 07:00
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Reprodução


Surge um novo tipo de turista no País abrigado pelo guarda-chuva das viagens de incentivo, que são promovidas quando as empresas querem fidelizar clientes ou reconhecer melhorias de produtividade e rendimento da equipe.
"Nos últimos anos, o segmento cresceu muito no Brasil porque as empresas têm detectado no incentivo a possibilidade de motivar funcionários e prestigiar clientes", explica Edgar Werblowsky, fundador da operadora de turismo Immaginare.
Para gerar resultados, uma viagem de incentivo precisa maravilhar o premiado. Diferentemente dos pacotes de turismo a lazer - que incluem apenas transporte aéreo, hotel. traslados e café da manhã -, uma viagem de incentivo tem de incluir tudo para que o convidado não se veja obrigado a pôr a mão no bolso. O glamour fica por conta da verba que o patrocinador disponibiliza, que pode variar de R$ 2.000 a 20 mil euros (cerca de R$ 44,5 mil) por pessoa. dependendo da importância do público.
"Em geral, as viagens de incentivo são pagas pelo retorno de vendas que a equipe já proporcionou de antemão", detalha o executivo da Immaginare.
Estudo divulgado pela Incentive House, empresa de incentivos ligada à rede francesa Accor, indica que prêmios em dinheiro fazem com que a gratificação permaneça na memória por apenas um ano. No caso da premiação com produtos (carros, televisores, etc.), o tempo sobe para quatro anos. Mas nada se compara a uma viagem, cujo retorno motivacional fica entre oito e 12 anos. "A viagem é um sonho e muitas pessoas não teriam dinheiro ou iniciativa para realizá-la por conta própria. O convidado começa a viver a experiência bem antes de viajar. Por isso, tomamos todo o cuidado com a escolha do roteiro, indicamos passeios imperdíveis e até a roupa de acordo com o clima do destino", afirma Débora Izo, diretora de eventos e premiação da Flytour.
As viagens corporativas formam um dos segmentos turísticos mais promissores do mundo, juntamente com os turismos de aventura e de eventos. Segundo a Organização Mundial do Turismo, 50 milhões de viagens são realizadas como incentivo todos os anos. Só no ano passado, o setor movimentou cerca de R$ 30 bilhões no País.
A diversidade de turistas é muito grande. Há desde funcionários de chão de fábrica que nunca viajaram de avião até clientes especiais com grande bagagem e que precisam ser surpreendidos com roteiros de luxo. O desafio é conseguir criar e organizar viagens que se destaquem e façam a diferença.
O casal Antonio Luciano Gonçalves e Roseli Cantero Torres Gonçalves, de Santo André, engrossa a fila de turistas convidados. Ele é bancário e já conheceu vários destinos como bonificação por bater metas de vendas. Graças às premiações, Antonio Gonçalves e a mulher já carimbaram o passaporte para Dubai, África do Sul, Aruba e Disney. O próximo destino será Miami, em 2012.
As experiências inusitadas guardam lugar especial na memória do casal. "Em Dubai tivemos um jantar no deserto e outro no luxuoso hotel Burj Al Arab. Precisei usar até burca", conta Roseli.
O Brasil também tem potencial para receber convidados de turismo patrocinado. Para profissionalizar o setor, foi criado há três anos um comitê que agrupa operadoras de viagens especializadas no segmento. O Covia (Comitê das Operadoras de Viagem de Incentivo), em parceria com a Ampro (Associação de Marketing Promocional), cria agora o primeiro curso de coordenadores de viagem de incentivo.
"Nós detectamos que, de um lado, há crescimento das empresas fazendo viagens de incentivo e há também um mercado carente de profissionais especializados na condução destas viagens. O Brasil vai exercer grande atração por causa dos eventos mundiais e será necessário preparar um número grande de coordenadores especializados em viagens de incentivo no Brasil para recepcionar as companhias estrangeiras", destaca Werblowsky.
Em território tupiniquim, os principais destinos de grupos corporativos são CF51resorts/CF de praia no Nordeste. Os grupos reúnem entre 100 e 200 pessoas. e todas precisam se sentir especiais. Para isso, é preciso contar com estruturas hoteleiras grandes. Existe também uma demanda muito grande por destinos fora do Brasil, como Argentina, Europa Ocidental e Caribe, além de cruzeiros, por conta do glamour e do dólar baixo.
O próximo destino que deve se tornar queridinho dos brasileiros é a Colômbia, que conseguiu se livrar do estigma do narcotráfico e tem investido muito no turismo, além de contar com voos diretos. Destinos como Cartagena, no Norte, são a cara do incentivo por conta da proximidade com o Caribe e da hospitalidade do povo, muito parecido com o brasileiro.
Estados Unidos também, com Miami, Disney e Las Vegas. Com a vinda de diversas companhias aéreas, tem crescido também a procura por destinos exóticos na Ásia, como Turquia, Cingapura e Dubai. O inusitado também parte da experiências exclusivas, como dormir em um hotel de gelo na Suécia.

VIP
O turismo patrocinado ganha agora mais uma característica com experiências denominadas Money Can't Bu - em bom português, experiências que o dinheiro não pode comprar. A proposta é premiar clientes e funcionários com participação privilegiada e exclusiva aos grandes eventos dos principais artistas, como Beyoncé, Elton John e Shakira, entre outros, além de oferecer entrada a festas glamorosas, geralmente restritas a convidados VIP, como a entrega do Oscar e o Grammy.
Também pode-se estar nos bastidores de eventos esportivos de grande porte, como a Fórmula 1 e o Super Bowl. "As ações promocionais poderão premiar clientes, funcionários e fornecedores, dependendo do plano estratégico de cada empresa que aderir a esta nova modalidade de ação de marketing", explica Alexander Dannias, diretor geral da Bsmart. Aliar sonho e posicionamento de marca nunca esteve tão em alta.




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