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Crise financeira contribui para fusão petroquímica
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/08/2009 | 07:00
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A crise financeira mundial e o alto grau de endividamento da Quattor - que tem fábricas em Mauá e Santo André - influíram, segundo fontes do setor, para a abertura das negociações que podem resultar na aquisição dessa empresa pela Braskem. O negócio resultaria no monopólio petroquímico no País e geraria gigante com faturamento líquido anual de quase R$ 22 bilhões ao ano.

A Unipar, controladora da Quattor (criada em junho de 2008, com participação da Petrobras), encerrou junho com dívida líquida R$ 7,4 bilhões, em grande parte em função da captação de recursos para a formação dessa empresa, que integrou diversas unidades fabris do Polo do Grande ABC.

O grupo conseguiu reverter prejuízo observado no primeiro trimestre, marcado pela forte retração da atividade industrial, ao lucrar R$ 96 milhões de abril a junho. Apesar da melhora nos resultados, ainda precisa equacionar o endividamento no médio prazo.

ALIANÇA - No fim de semana, a Unipar admitiu que iniciou entendimentos com os acionistas da Braskem, pertencente majoritariamente à Odebrecht, para "estudo de eventual aliança estratégica" na Quattor, mas que ainda não realizou nenhum acordo.

E ontem a Petrobras (acionista minoritário nas duas empresas) atestou que, apesar de haver diálogo entre aquelas companhias, não existe resultado concreto ou compromisso firmado até agora. Uma possível fusão seria benéfica para o segmento nacional fazer frente à concorrência com multinacionais estrangeiras, na avaliação dos analistas, mas há dúvidas quanto aos efeitos favoráveis no mercado brasileiro.

"Na ótica das duas empresas, faz todo sentido, elas ganhariam escala e gerariam ganhos para os acionistas. Na ótica do consumidor, precisaria ver se o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai autorizar", assinalou o analista Luiz Otávio Broad, da corretora Ágora.

Isso porque as duas gigantes do segmento têm juntas 100% da produção nacional da resina polipropileno - que serve para a fabricação de peças e embalagens de plástico. E controlam 85% da oferta desse item no mercado brasileiro (os restantes 15,2% são importados). Dominam também 74,3% das vendas de polietileno, que só tem outro produtor nacional (a Solvay, com 3,1% de participação).

No entanto, o movimento seria semelhante ao que já ocorreu em outros países, como Índia, China e Arábia Saudita, em que há grandes empresas nacionais integradas e com participação no mercado de petróleo, citou o consultor Octávio Carvalho, da Maxiquim. Ele avalia ainda que a fusão poderia gerar melhores condições para o preço da matéria-prima (a nafta), comercializada pela Petrobras e também daria força para a internacionalização, que já tem sido alvo da Braskem.




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