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Médicos ameaçam rescindir contratos com operadoras
04/08/2011 | 07:00
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Cirurgiões cardiovasculares que operam em hospitais privados e filantrópicos ameaçam rescindir o contrato com operadoras de planos de saúde, a partir de 8 de agosto, no Rio de Janeiro. A categoria alega que há oito anos os valores pagos não são reajustados. A suspensão das cirurgias atinge o Bradesco Saúde e Geap, além de planos de autogestão, como Banco Central e Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae).

No ano passado, em um movimento semelhante, os cirurgiões cardiovasculares ameaçaram deixar de operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Conseguiram um reajuste para quase R$ 4 mil por cirurgia para a equipe, de cerca de seis profissionais (quatro cirurgiões, instrumentadora e técnico perfusionista)."Esses planos pagam muito abaixo do SUS atualmente. Alguns deles chegam a pagar R$ 750 para uma equipe inteira. Minha equipe recebeu R$ 459 pelo procedimento de troca de válvula. Isso é pagar para trabalhar", afirmou Ronald Souza Peixoto, presidente da CardioCoop, cooperativa que reúne os cirurgiões que atuam no Estado.

A decisão de suspender o atendimento no Estado atinge hospitais da capital e interior. As urgências serão atendidas, ressaltou Peixoto. Segundo ele, outros planos já fecharam acordo, como Assim, Amil, Golden Cross, Unidas (que reúne empresas de autogestão). As negociações com a Unimed estão avançando.

Em São Paulo, onde as cirurgias cardiovasculares são realizadas em 42 cidades, as negociações ainda não foram interrompidas. "Estamos em conversas com as operadoras. O grande problema é que a maior parte dos convênios quer pagar valores da antiga tabela da Associação Médica Brasileira (AMB), de 1990, que foi substituída em 2004 pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)", explica Maurício Galantier, presidente da cooperativa de São Paulo.

O presidente da Federação Brasileira das Cooperativas dos Cirurgiões Cardiovasculares, Sidnei Narbeli, informa que o movimento por reajustes atinge 16 Estados."Na Bahia, suspendemos todos os convênios há oito anos. Alguns renegociaram. Outros esperam que os beneficiários obtenham liminares, porque não têm autonomia para negociar regionalmente, como o Bradesco. Por esse método, há mais burocracia para o paciente, mas a resolução sai em dois ou três dias", afirmou. Segundo Narbeli, os planos ofereceram pagar o equivalente a 30% do que desembolsam quando há determinação judicial. "É claro que preferimos fazer o contrato, que dá mais segurança, mas esgotamos as negociações.

Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar, que reúne 15 dos maiores grupos de operadoras de planos de saúde do País, informou que "participa ativamente dos fóruns de debates sobre remuneração médica". "A Federação esclarece que suas afiliadas estão entre as que pagam os maiores honorários aos médicos e que o reajuste do valor das consultas médicas pagos por afiliadas variou, de 2002 a 2010, entre 83,33% e 116,30%, índices significativamente superiores à variação do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) no mesmo período, que foi de 56,68%".

O GEAP, a Caixa de Assistência da Cedae (CAE) e o Banco Central informaram que não receberam nenhum comunicado de paralisação dos cirurgiões cardiovasculares. "A única comunicação de possível paralisação partiu da Cardioclínica, que realiza apenas consultas e não cirurgias cardíacas", informou a assessoria de Imprensa da GEAP.




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