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Frente de esquerda será rival do PT
02/02/2007 | 23:08
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A acirrada disputa na base aliada, com a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) presidente da Câmara, deixou como um de seus saldos a constituição de uma frente de esquerda que aspira rivalizar com o PT. O bloco, uma idéia antiga, nasceu do conturbado processo eleitoral da Câmara, “mas veio para ficar”, segundo seus integrantes.

O objetivo é ganhar corpo para as eleições de 2008 e criar condições de lançar um nome próprio à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2010.

Formado pelo PSB, PDT e PCdoB, além de outras duas legendas, o grupo se contrapõe ao projeto petista de absorver partidos “satélites” com afinidade ideológica. “Agora, criamos nosso próprio sistema solar”, disse o ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O PCdoB de Aldo é um dos partidos que tem girado em torno do PT, desde a eleição de 1989.

Apesar da disputa por espaços, essas forças fazem parte da coalizão do governo Lula e devem encontrar uma forma de convivência com as outras legendas da base aliada. “O PT conseguiu um feito, unir a esquerda, pelo menos a esquerda não-petista, em um bloco político poderoso”, disse o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

O bloco de esquerda conta com a representação de cinco governadores, 68 deputados e oito senadores. Tem nas suas fileiras Ciro Gomes como um possível candidato à Presidência da República após o segundo mandato de Lula. Na sociedade civil, controla a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Força Sindical.

Desejo antigo - A formação do grupo era um desejo antigo e remonta à eleição presidencial de 1989. Cogitado sempre em períodos eleitorais, acabou conquistando viabilidade após a divisão na base aliada com o lançamento de Arlindo Chinaglia para o comando da Casa, contrapondo-se ao comunista Aldo Rebelo, derrotado em segundo turno por uma diferença de apenas 18 votos.

“Essa unidade talvez seja a coisa mais importante nessa brincadeira toda. A idéia é chegarmos juntos nas eleições de 2008 e 2010”, contou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), vice-líder do bloco.

Chinaglia fez seu primeiro discurso como presidente da Câmara afirmando que as cizânias da eleição faziam parte do passado. Mas o PT, logo após o resultado do plenário, já calculava o tamanho do problema.

O bloco foi criado originalmente como forma de os partidos assegurarem postos de destaque na mesa diretora da Casa e no comando de comissões permanentes. Outras duas siglas com representação na Câmara, PMN e PAN, também fazem parte dele.

Reação - A reação de partidos de maior densidade numérica foi imediata. Com receio de perder cargos, PMDB, PT e mais seis partidos, incluindo as legendas protagonistas da crise do mensalão, uniram-se num superbloco de 273 deputados. A oposição formal fez o mesmo. Apesar do apoio a diferentes candidatos, PSDB e PFL juntaram-se ao PPS e constituíram uma terceira frente, esta com 153 parlamentares.

Neste dois casos, a aliança foi conjuntural e deve ser desfeita nos próximos dias. O bloco de esquerda, apostam seus integrantes, vai permanecer atuando em conjunto não só na Câmara mas nas próximas eleições. O peso simbólico é grande, dizem parlamentares do grupo, que consideram que sua formação demarcou fronteiras partidárias e empurrou o PT para partidos mais à direita.



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