Militares e parentes protestaram neste domingo, durante a cerimônia da troca da bandeira, em Brasília, contra a falta de reajuste da categoria, que não recebeu aumento linear de salários nos últimos 10 anos. Cerca de 700 pessoas ocuparam a Praça dos Três Poderes para protestar contra a situação e tentar pressionar o governo por um reajuste salarial.

“O último aumento salarial para os militares saiu há muito tempo e foi um porcentual irrisório. Na época, os cabos, por exemplo, tiveram aumento de 8%”, disse o cabo Hélio Pinto, membro da FAB e presidente da Associação dos Praças das Forças Armadas.

Os manifestantes levaram diversas faixas com protestos direcionados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não participou da solenidade, como costuma ocorrer esporadicamente.

Nas faixas, não faltaram queixas e ironias. “Em quartel que falta pão até recruta tem razão”; “Disciplina não enche barriga”; “Sr. Presidente, os comandantes podem estar satisfeitos, mas a tropa está com fome”; “Sr. Presidente, os militares das Forças Armadas também têm família para criar. Já são 10 anos sem reajuste. Será que teremos que esperar por mais 10 anos?”, diziam algumas das faixas.

Com a ausência do presidente Lula ou de qualquer outro representante do Executivo no encontro, os manifestantes, que cantaram o Hino Nacional de mãos dadas, tiveram de se contentar com a perspectiva de um encontro, nos próximos dias, com o ministro da Defesa, José Viegas.

“Num momento em que outros setores que têm poder de greve optam pela paralisação, os militares precisam ser ouvidos pelo governo”, disse o deputado Jair Bolsonaro (PTB-RJ), capitão da reserva do Exército, que representa os militares no Congresso Nacional. De acordo com o deputado, a reunião com Viegas ainda não tem data marcada, mas a partir dela serão definidos os posicionamentos da categoria.

O grupo de militares defende uma proposta de reajuste de 50% para os 250 mil militares na ativa. Um dos militares, que não quis se identificar, trazia seu comprovante de pagamento: com 18 anos de serviço nas Forças Armadas, seu salário é de R$ 1.140.

Pela primeira vez em 44 anos, a cerimônia de troca da bandeira foi realizada na parte da tarde, sugestão da secretária de Turismo do Distrito Federal, Lúcia Flecha de Lima, que representou o governador Joaquim Roriz (PMDB) na cerimônia. No total, cerca de três mil pessoas acompanharam a cerimônia.