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MP e polícia investigam uso eleitoral da Anhembi
Do Diário do Grande ABC
24/04/1999 | 15:38
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A contrataçao de funcionários "fantasmas" pela Anhembi Turismo para uso em campanhas eleitorais e a serviço de políticos está sendo investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Os indícios de uso eleitoral da Anhembi foram obtidos com a apreensao de listas eleitorais, crachás e manuais do PPB por policiais na sede da empresa, depois que o Estado revelou a remoçao secreta de documentos do departamento de recursos humanos, no começo do mês.

A partir da divulgaçao da lista de funcionários pela polícia e o Ministério Público, comprovou-se a utilizaçao da Anhembi como cabide de empregos de parentes de políticos - a mulher, o filho e o irmao do agora deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB), entre outros - e até mesmo do motorista da primeira-dama, Nicéa Pitta, e de parentes da secretária particular do ex-prefeito Paulo Maluf.

Na semana passada, o Estado também revelou que a vereadora Maeli Vergniano (ex-PPB) "nomeou" três funcionários para a Anhembi que, na verdade, prestavam serviços em seu gabinete na Câmara. Um deles dedicava-se exclusivamente a catalogar todas as igrejas da Assembléia de Deus da cidade para a futura campanha eleitoral da vereadora.

O delegado Itagiba Franco, responsável pelo inquérito da Anhembi, já dispoe de uma lista com dezenas de nomes de pessoas indicadas por políticos. Todas elas serao convocadas a prestar depoimento. "Há fortes indícios de que a empresa seja usada com propósitos políticos", afirmou o delegado.

O exercício ilegal de funçoes na Administraçao Regional da Vila Mariana por funcionários "nomeados" pelo vereador Bruno Feder (sem partido) é mais um exemplo comprovado do loteamento da administraçao pública nos governos Paulo Maluf e Celso Pitta.

Em troca de apoio na Câmara, vereadores receberam o direito de indicar dezenas de cargos em regionais, delegacias de ensino, creches, módulos do PAS e em empresas como Prodam e Anhembi. Tudo sob total conhecimento dos prefeitos.

Crime - Na sexta-feira, Pitta - já em guerra declarada contra Maluf - admitiu em visita à AR-Vila Mariana o loteamento do poder. Ao responder ao presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), Carlos Alberto Accunzo, sobre os resultados práticos de suas visitas às administraçoes regionais, Pitta foi enfático: "Hoje já nao existe aquela interferência política que em vez de ajudar atrapalhava."

Os funcionários de Feder que se passavam por funcionários da regional cometeram crime, segundo avaliaçao do advogado Carlos Ari Sundfeld, especialista em direito administrativo. "Em tese, os funcionários cometeram crime de usurpaçao de funçao pública, por exercer sem legitimidade um cargo para o qual nao foram nomeados", afirmou.

A pena para esses casos varia de três meses a dois anos de detençao. Caso tenham obtido vantagens com o exercício do cargo público, a puniçao é maior: de dois a cinco anos de reclusao.

Os funcionários também podem vir a responder por improbidade administrativa e perder direitos políticos como o voto, além de ser obrigados a devolver as quantias conseguidas de forma ilícita.

O vereador Feder nao foi localizado para comentar as denúncias envolvendo seu nome. O assessor de imprensa de Feder, Roberto Viegas, informou que o vereador está fora de Sao Paulo e que nao seria possível um contato.




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