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Importados avançam e expõem fragilidades nacionais
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/07/2010 | 07:37
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Apesar dos números favoráveis de vendas, produção e exportação no primeiro semestre, a indústria automobilística brasileira passa por uma etapa decisiva. Ou o País resolve seus problemas estruturais ou perderá espaço para veículos importados, que chegam com apetite cada vez maior.

"Estamos em uma fase decisiva", afirma Rogelio Golfarb, diretor de assuntos corporativos e governamentais da Ford. "O Brasil terá de decidir agora como vai ser seu papel num mundo cada vez mais competitivo."

Ex-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotres), Golfarb se refere aos problemas estruturais internos que prejudicam o desempenho dos produtos brasileiros frente aos importados.

Tributos em cascata, infraestrutura deficiente, custos de logística e insumos caros são alguns dos problemas que dificultam a competição dos veículos nacionais, principalmente em mercados para os quais o Brasil exporta e que estão em processo de recuperação depois da crise de 2009.

No primeiro semestre deste ano, os importados representaram quase 18% do total de 1,58 milhão de veículos emplacados. No mesmo período do ano passado somavam 15,2%. Entre janeiro e junho de 2008, não passavam de 13%.

"É claro que preocupa", afirmou o atual presidente da Anfavea, Cledorvino Belini. "Mostra que os importados estão conseguindo mais espaço aqui e que nós estamos enfrentando mais dificuldades de vender nossos produtos la fora."

Segundo Belini, o governo e a indústria automobilística estão desenvolvendo em conjunto estudos que viabilizem estratégias que tornem o veículo brasileiro mais competitivo.

"Precisamos urgentemente de um choque de competitividade para aproveitarmos todas as oportunidades internas e externas", insistiu Belini, que também preside a Fiat.

Equilíbrio - O primeiro semestre mostrou que o mercado nacional alcançou equilíbrio após dois trimestres distintos - o primeiro marcado pelos benefícios fiscais e o segundo sem o desconto do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

A indústria emplacou 262,8 mil unidades em junho - média de 12.512 unidades por dia. Este é o desempenho que a indústria espera para o próximo trimestre, o que deve garantir crescimento de 8% neste ano, resultando em 3,4 milhões de unidades.

"Esta alta é suficiente para a indústria garantir investimentos e empregos", afirmou Belini. No mês passado, a indústria acrescentou 1.155 novos postos de emprego, alcançando 130.968 somente de empregos diretos nas montadoras - fornecedores e autopeças não entram nesta contabilidade.

O crescimento equilibrado do mercado também garante nível de estoque mais ajustado, suficiente para durar 36 dias no atual ritmo de vendas. Nos pátios das fábricas e revendas autorizadas, o estoque soma 318. 839 veículos.




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