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Governo pressiona para que MST recue; tensão continua
08/04/2004 | 22:20
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O governo passou as últimas 48 horas tentando impor limites às ações de invasões dos movimentos rurais de trabalhadores sem-terra. O Palácio do Planalto chegou quase a impor um ultimato aos representantes desses grupos, em especial ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), ameaçando interromper o canal de diálogo com esses grupos, por conta da invasão de fazendas produtivas e de prédios públicos.

Essa pressão do governo garantiu que os sem-terra desocupassem nesta quinta a fazenda Veracel Celulose, na Bahia, invadida na última terça-feira. Mas, o suposto início de entendimento com os sem terra, ainda está sendo marcado por contradições. Para a surpresa do governo, ao mesmo tempo em que deixaram a Veracel, os sem terra ocuparam outra fazenda produtiva em Araçatuba, contrariando a sinalização que haviam dado ao Planalto.

Para conseguir o recuo dos sem-terra e frear o impacto da série de invasões (58 até agora), o governo adotou a tática de usar um discurso brando nas declarações públicas e jogar duro com o comando do movimento. Para tanto, enviou dois emissários estratégicos para as regiões mais conflagradas. A ouvidora agrária Maria de Oliveira foi para Pernambuco, de onde coordena os contatos com os líderes dos sem-terra no Nordeste. Para a Bahia, foi deslocado Marcos Kovarik, assessor da Presidência do Incra, que ajudou nas articulações para desocupação da Veracel.

O recado dos emissários chegou aos principais dirigentes do MST e foi direto: o governo não vai tolerar ações ilegais como invasão de área produtiva e ocupação de prédios públicos. Num discurso bem mais brando do que nos dias anteriores, a direção do MST divulgou nesta quinta, que ocupação de prédio público e de terra produtiva não faz parte da linha de ação do movimento.

Nesta quinta, depois de uma reunião a portas fechadas no Palácio do Planalto, Rosseto evitou falar do assunto. Em vez de Rosseto, quem deu explicações à imprensa foi o chefe de gabinete do Ministério, Guilherme Cassel, que encampou o novo discurso do Planalto: “O governo não concorda e não vai tolerar agressões à lei como a ocorrida na Bahia. Atos como esse não contribuem em nada para a reforma agrária”, avisou. A reunião no Palácio foi comandada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu e contou com a participação do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Com as novas invasões desta quinta, quatro delas em Pernambuco, subiu para 58 o total de áreas ocupadas pelo movimento, em ações que envolvem 17.793 famílias de trabalhadores sem terra.




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