Economia Titulo
Crise aumentou vigilância do FMI sobre economias
Do Diário do Grande ABC
04/02/2000 | 19:15
Compartilhar notícia


As crises financeiras dos anos 90 levaram a um aumento da vigilância do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as economias, por meio de estudos de avaliaçao dos sistemas financeiros nacionais. Esses estudos, feitos durante as consultas anuais do Fundo com os governos membros, já foram realizados em 20 países. A ofensiva contra a lavagem de dinheiro e outras formas de corrupçao financeira, lançada pelos ministros das Finanças das Américas, em reuniao realizada em Cancún, na quinta-feira, deverá ampliar ainda mais o poder de supervisao do FMI.

De acordo com o sub-diretor-geral do Fundo e ex-ministro das Finanças do Chile, Eduardo Aninat Ureta, um trabalho técnico sobre a dimensao do problema, comparado ao sistema bancário formal, que os ministros reunidos em Cancún encomendaram à instituiçao, estabelecerá os critérios que serao usados, no futuro, no acompanhamento de quatro dimensoes da corrupçao financeira nas economias: a quantidade dos fluxos de recursos de cada país que passam por empresas "off-shore"; o impacto e a magnitude da lavagem de dinheiro; o impacto e a magnitude da corrupçao financeira e bancária; e a evasao de impostos num país por empresas que se utilizam dos benefícios oferecidos pelas legislaçao de países que atraem recursos operando como "paraísos fiscais".

A novidade, segundo Aninat, é que os ministros "pediram ao FMI que entre nesses novos temas com uma visao de longo prazo, e com recursos e staff para começar a criar um sistema de ordem, supervisao e controle desses fluxos perniciosos". Essa nova tarefa, que precisa ainda ser aprovada pela diretoria executiva do FMI, será levada a cabo durante as consultas anuais com os países, acrescentou ele.

Segundo fontes americanas, durante a reuniao dos ministros, na quinta-feira, o representante de Barbados deixou a sala, em sinal de protesto, quando o secretário do Tesouro, Lawrence Summers, começou a falar do problema que os paraísos fiscais representam para o combate à corrupçao financeira. "Esse é um tema delicado", reconheceu nesta sexta-feira Aninat. Ele disse que "alguns poucos países caribenhos demonstraram preocupaçao, mas eu a tomaria no sentido positivo, de exigir dos países que se opoem (aos paraísos fiscais) que clarifiquem os conceitos que serao usados para medir o problema". Para o sub-siretor-geral do FMI, "é preciso esclarecer até que ponto os países se distanciam de um padrao internacional de tributaçao aceitável e até que ponto têm direito de fazer sistemas tributários mais liberais, mais abertos e mais favoráveis aos investidores estrangeiros ou locais".

Na reuniao de Cancún, os governos da América do Sul criaram um grupo de trabalho para coordenar suas legislaçoes e açoes de modo a permitir um combate mais efetivo contra a lavagem de dinheiro e outras formas de corrupçao financeira, que a integraçao econômica e as comunicaçoes instantâneas tornaram mais fáceis.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;