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AIEA busca tecnologia nuclear brasileira, diz ex-ministro
Do Diário OnLine
05/04/2004 | 18:32
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O ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral disse nesta segunda-feira que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) tem interesses comerciais na inspeção da unidade de enriquecimento de urânio que está sendo construída no Rio de Janeiro. Segundo ele, os técnicos estão buscando conhecer a tecnologia brasileira, que é a mais moderna do mundo.

No fim de semana, os jornais norte americanos Washington Post e New York Times publicaram reportagens acusando o governo brasileiro de negar a permissão para que os inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) tenham acesso à unidade de enriquecimento de urânio no Rio de Janeiro. No domingo, o Ministério das Relações Exteriores disse que trata-se de um assunto técnico em discussão entre o país e a AIEA.

O ex-ministro disse que os técnicos procuram conhecer a tecnologia brasileira, que deve substituir a técnica usada pelos Estados Unidos e por alguns países da Europa, considerada ultrapassada. Em entrevista à Rádio CBN, ele disse que a técnica brasileira, que utiliza a centrifugação, é mais moderna que a de difusão gasosa que, segundo ele, desgasta os aparelhos envolvidos no processo e consome muita energia.

Amaral explicou que a técnica brasileira foi gerada logo após o acordo nuclear feito entre o governo brasileiro e a Alemanha. Como o país foi proibido de receber a tecnologia estrangeira, os técnicos da Comissão Nacional de Engenheiros Nucleares e a Marinha tiveram de criar um meio para que o processo funcionasse.

A reportagem publicada pelo jornal Washington Post afirma ainda que a estagnação nas negociações gera o temor de um novo tipo de corrida nuclear, marcado não só pela busca de armas nucleares, mas pelo desenvolvimento legal de tecnologia avançada para a produção de energia nuclear, que pode evoluir rapidamente em programas de armas.

O relatório sustenta que o projeto brasileiro é contrário à posição do presidente americano George W. Bush, que pediu restrições ao processo de enriquecimento de urânio como parte de uma estratégia para combater a proliferação nuclear.

Segundo o jornal americano, especialistas em proliferação de armas afirmam que se Estados Unidos e a ONU não intervierem para restringir o programa brasileiro, ou ao menos não insistirem nas inspeções, os esforços de Washington para que países como Irã ou Coréia do Norte paralisem seu enriquecimento de urânio serão afetados.




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