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Belo e raro filme mongol é opção em S.Bernardo
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
20/03/2004 | 18:07
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A alma de um cachorro reflete sobre vida, morte, miséria e solidão enquanto vaga no aguardo da sua vez de reencarnar. O original enredo rendeu ao filme O Estado do Cão (Nohoi Oron, Bélgica/Mongólia, 1998) o prêmio da crítica da 24ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2001, e está em cartaz no Cine Popular, em São Bernardo (tel.: 4122-3730). Com ingressos entre R$ 2 e R$ 6, a sala de exibição materializa uma oportunidade imperdível de conhecer a rara fita.

Uma voz masculina conduz a narrativa do ponto de vista do cão Baasar. Não há diálogos e tudo se passa do início ao fim do rigoroso inverno mongol. A concepção estética reforça a aridez da vida na Mongólia, um país marcado pela miséria advinda do êxodo rural.

É o caminho dos migrantes o refeito por Baasar, que perde a proteção dos donos camponeses quando estes são enxotados pela miséria para imundas metrópoles. O próprio vira-latas contribui para o aspecto pestilento, já que morre, logo no início do filme, abatido a bala. O governo contratou um exterminador para conter a infestação de cães nas cidades.

Esse homem é um anônimo infeliz, que tem na sua profissão sua maldição. O mongol não mata cães, pois teme que ele reencarne como ser humano. Sabendo do pouco que a vida dá tanto aos homens quanto aos cães, voltar a ter de sobreviver também é o maior medo de Baasar.

Esta é apenas uma das leituras poéticas que o belo filme proporciona. Peter Brosens e Dorjkhandyn Turmunkh dividem a direção. O primeiro é belga, geógrafo, especializado em antropologia e tem no currículo vários documentários e um curta, rodado quando morou no Equador. Turmunkh é mongol, jornalista e escreveu, produziu e dirigiu o longa Tears of Lama, em 1992.

Como a maior parte da equipe técnica é da Mongólia, O Estado do Cão pode ser considerado um legítimo representante da arte cinematográfica daquele país.




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