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Inadimplência das empresas cai 5,3% em 2010
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
28/01/2011 | 07:08
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As empresas apresentaram bom resultado para quitação de débitos em 2010. Indicador da Serasa Experian, divulgado ontem, revelou que a inadimplência caiu 5,3% no ano passado, em comparação a 2009. Este foi o melhor resultado desde 2004, quando o calote das firmas recuou 19,4% comparativamente ao ano anterior. O valor médio das dívidas com bancos, no entanto, foi de R$ 4.713,87 - 3,2% maior do que em 2009.

O assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, destacou que as condições da economia brasileira no ano passado contribuíram para a baixa inadimplência. Isso se deu em razão da crise econômica de 2008, que se espalhou em 2009, prejudicando o mercado durante todo o período. Para se ter ideia, naquele ano, os débitos empresariais cresceram 18,8% sobre 2008.

"O principal fator de todos foi a recuperação da oferta de crédito, que em 2009 esteve muito escasso. O empréstimo naquele ano só cresceu 1,2%, frente os 18,8% em 2010", analisou.

Almeida enumerou ainda a elevação de recursos disponibilizados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para os novos investimentos entre o empresariado como medida que auxiliou o desenvolvimento econômico do País. Analistas estimam que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chegue a 7,6% em 2010.

O BNDES e demais bancos públicos foram cruciais para gerar confiança no mercado, segundo o especialista, por terem sido os primeiros a apostar no consumo interno, disponibilizando mais dinheiro para empréstimos. Isso fez com que entidades financeiras privadas se movimentassem a fim de não perder mercado. Assim, houve maior disponibilidade de crédito e melhores condições no pagamento para que as firmas evitassem os calotes.

"O crescimento registrado no ano passado e a demanda do consumidor foram muito expressivos. Assim, as empresas tiveram que produzir mais e a confiança no mercado interno levou ao crescimento. Os bancos públicos funcionaram como grande amortizador para que houvesse blindagem da economia em termos de empréstimos", ressalta Almeida.

EM DEZEMBRO

Em dezembro, por sua vez, a inadimplência das empresas registrou alta, tanto no comparativo com novembro quanto no mesmo mês em 2009. Os aumentos foram de 0,3% e 1,6%, respectivamente. O número de cheques devolvidos do empresariado aumentou 6,1% em dezembro, contribuindo para a elevação percentual no mês.

"Cresceu nesse período porque as empresas precisaram de recursos para arcar com o pagamento do 13° salário e também para pagar seus fornecedores, pois a demanda ainda está alta. Isso acarretou em um giro de estoque muito alto, aumentando os empréstimos. Então, algumas empresas não conseguiram honrar", explicou.

Empresas terão novamente ano bom para crédito

Com o mercado estimando crescimento do PIB de até 4,5% neste ano, índice mais modesto do que o esperado para 2010, de 7,6%, a redução no calote das empresas tende a ser menor do que o recuo de 5,3% registrado no ano passado. Porém, as empresas não deverão amargar um ano ruim para empréstimos como em 2009, devido à crise.

O cenário é positivo mesmo levando em conta a política econômica do BC (Banco Central) de seguidas elevações da Selic (taxa básica de juros). Analistas estimam que os juros cheguem a 13% até o fim de 2011 - hoje, a taxa está em 11,25% ao ano -, desestimulando a economia a fim de evitar a alta de preços.

Apesar de a medida encarecer o capital de giro para o empresário, as firmas estão mais preparadas. "As empresas viraram o ano de forma diferente dos consumidores. Elas conseguiram se capitalizar mais em 2010 e estão em condições melhores. Não irão passar dificuldades como em 2009", afirmou o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida.

Ele frisou que, por outro lado, os consumidores estão mais endividados, com taxas mais altas de inadimplência e previsão de pisarem no freio para o consumo neste ano. VG




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