Uma trama genuína brasileira, bordada artesanalmente, é assim que a intérprete Mônica Salmaso visualiza seu último trabalho, 'Alma Lírica Brasileira', que será apresentado no domingo, no Teatro Municipal andreense.

Sucinta, Mônica sobe ao palco acompanhada do pianista Nelson Ayres e de Teco Cardoso, responsável por flauta e saxofone. No repertório, clássicos do cancioneiro popular, em estilo menos é mais, revestidos pela voz de veludo da cantora e pela luxuosa presença do seus dois instrumentistas, que trazem na bagagem boa experiência no universo musical.

O tempero brasileiro que se junta à verve erudita e à acuidade musical do trio está expresso em composições de Adoniran Barbosa, Tom Jobim, Chico Buarque, Paulo Vanzolini, Heriberto Martins e Heitor Villa-Lobos.

Desde 'A História de Lily Braun', que faz sucesso hoje em vozes como Maria Gadu, o repertório chega até 'Meu Rádio e Meu Mulato', que ganhou registro pela primeira vez em 1938, com Carmen Miranda.

Como pontos altos, 'Cuitelinho', um sensível folclore da região central brasileira resgatado por Antônio Xandó e adaptado por Paulo Vanzolini, a belíssima 'Melodia Sentimental', que Dora Vasconcelos transformou em letra a partir da composição criada por Villa-Lobos, a sentimental 'Lábios que Beijei', e Carnavalzinho (Meu Carnaval), que traduz o resumo da ópera de Mônica através dos versos: "meu Carnaval é bem pequenininho, só um banquinho e um violão / a fantasia vai no pensamento e o samba enredo na minha mão."

Até canções mais esgarçadas, como 'Derradeira Primavera', 'Trem das Onze' e 'Valsinha', que se já se esgotaram em infinitas versões, ganham novo fôlego no tom intimista e autoral do trio de músicos.

Mônica Salmaso - Música. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Domingo, às 19h. Ingr.: R$ 20.