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'Em 2012 o processo seria do Otávio', diz Alex Manente
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
18/04/2011 | 07:43
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Odeputado estadual e coordenador regional do PPS, Alex Manente, diz estar "preparado para o desafio" de assumir o peso político herdado do pai, Otávio Manente, que morreu dia 6, vítima de câncer. "Tinha uma meta muito clara que 2012 o processo era dele", lamenta o parlamentar. Com a ausência de Otávio, considerado o melhor dos vices nas possíveis chapas majoritárias, o panorama na cidade altera. E no PPS não é diferente. Candidatura própria volta a ser discutida. "A via alternativa não está descartada, mas  prudente buscarmos candidatura única (da oposição).  fácil falar que sou candidato, mas quero compartilhar essa decisão. Até o fim do ano definimos", discorre o popular-socialista, que agora lidera o G-5 da Câmara de São Bernardo (grupo de cinco vereadores independentes). "Esse grupo se consolidou e a partir de agora aumenta", vislumbra. Tidos como peça-chave na engrenagem eleitoral da corrida pelo Paço no ano que vem, Alex e PPS estão mais próximos do PSDB, partido de oposição ferrenha ao prefeito Luiz Marinho (PT), mas que ainda busca unidade interna. "Se conseguir unir, certamente é uma força muito grande." Ao comentar o governo Marinho, do qual já foi adversário, aliado e agora voltou a ser divergente, Alex afirma que existe "pragmatismo", demonstrado na eleição da mesa diretora da Câmara, ao definir a 1ª secretaria - Marinho orientou a bancada de sustentação a votar em candidato da oposição para minar força de Alex e G-5 na Casa. Sobre a aproximação com o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), disse que uma dobrada em 2014 "é bem possível"

 

DIÁRIO - Como dividia a questão política com seu pai: até que ponto ia a atuação de um e de outro?

ALEX MANENTE - Vivia com ele intensamente, tanto na vida profissional como na particular. E os problemas se misturam, englobam. E isso faz com que eu sinta ainda mais falta dele. Era uma vida vinculada à minha. É uma ausência que vou sentir com muita saudade e tristeza. Não era nada pragmático, era muito discutido, a gente se entendia, havia uma sintonia nas nossas ações. Claro que às vezes a gente divergia, mas não tinha onde começava um e terminava o outro.

 

DIÁRIO - O que seu pai deixou de legado político?

ALEX - Alguns ensinamentos que são importantes, principalmente neste momento da política. A política não pode ser feita de maneira maquiavélica, em que os fins justificam os meios. Sempre me ensinou que não poderia ser dessa maneira e que a política tinha de ser um pouco emocional. Se não tivesse sensibilidade pelas pessoas, não conseguiria executar bem suas tarefas e estar num cargo que a população o conduziu para representá-la. Essa lição fica e sempre que observo a política pragmática, que dá um certo desconforto.

 

DIÁRIO - O sr. acompanhava as ações do G-5 na Câmara...

ALEX -Acompanhei em virtude da doença dele, fiquei incumbido de organizar o que ele iniciou. Então, eu estava acompanhando esse processo. E, agora, eles têm conversado comigo, até para dar continuidade ao que meu pai conseguiu criar. Não é fácil criar grupo independente não atrelado ao governo e que não pertence objetivamente à oposição sistemática partidária. É um grupo que defende os interesses da cidade. Esse grupo se consolidou e a partir de agora aumenta.

 

DIÁRIO - Qual será a incumbência desse grupo?

ALEX - Uma missão, até por conta do resultado da mesa diretora (a 1ª secretaria que era de Otávio ficou com o oposicionista Sérgio Demarchi, do PSB, após manobra de Marinho), vai ajudar a organizar os debates da sociedade. Foi o prefeito que escolheu esse caminho.

 

DIÁRIO - Qual a dificuldade de esse grupo estar junto até a eleição do ano que vem?

ALEX - Nós temos a nossa força eleitoral, que não pode ser menosprezada. Mas, ao mesmo tempo, temos de ter tranquilidade em definir aquilo que seja seguro para todos. Acho que não vai ter dificuldade em manter o grupo, acho que vamos ampliar. Acredito que o PPS aumenta sua força e eu não tenho dúvida ou receio. Nesse quesito político, meu pai me preparou bem para poder enfrentar os desafios, as adversidades os obstáculos.

 

DIÁRIO - E o PPS na região: quais os objetivos?

ALEX - Primeiro, Ribeirão Pires é a candidatura (a prefeito) do Dedé (Edinaldo de Menezes, vice-prefeito), ampliar o número de vereadores na região (atualmente tem três, dois em São Bernardo e um em Ribeirão Pires), estamos estruturando as chapas, engrossando as fileiras. Com a liderança da bancada na Assembleia, aumenta nossa responsabilidade de ter esse desempenho no Grande ABC, que é fundamental para a Região Metropolitana. O presidente (estadual do PPS) Davi Zaia me pediu para, a partir do Grande ABC, estabelecer meta de crescimento para a Grande São Paulo. Tenho essa missão partidária e quero que o Grande ABC seja referência.

 

DIÁRIO - E como fica a vice-presidência estadual do PPS (CF50função exercida por Otávio)? Já conversou com Davi Zaia sobre isso?

ALEX - Não conversei. Vamos ter a convenção no fim do ano (outubro, quando define o novo diretório), e acho que é um cargo que pode ficar vago até lá em homenagem ao Otávio.

 

DIÁRIO - O comando da estadual do PPS é um caminho natural para o sr.?

ALEX - Assumi a liderança do partido, que já acho que é uma missão significativa, e tive apoio fundamental do Davi. Tenho me colocado à disposição. Acho que o partido tem de ter objetivos. Não pode ser algo pessoal. É isso que vou buscar. Até pela idade (tem 31 anos), é natural. A liderança do partido já me ocupa um tempo que não me permite nesse momento pleitear a presidência. Quero que o Davi Zaia continue presidindo o PPS pelos próximos dois anos.

 

DIÁRIO -Qual o trabalho à frente da liderança da bancada?

ALEX - Estamos na base de sustentação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o PPS teve foi decisivo para que não houvesse segundo turno no Estado (na eleição de 2010), quando definimos não ter a candidatura da Soninha. Praticamente selamos a vitória do Alckmin no primeiro turno. Mas estivemos reunidos com ele, que solicitou a parceria, o PPS sempre foi partido de primeira hora no governo. Ocupamos hoje Secretaria (de Emprego e Relações do Trabalho) que terá papel fundamental, que é promover qualificação profissional, principalmente para o Grande ABC, onde temos de enfrentar desafios significativos na mudança de perfil econômico, de industrial para prestador de serviço.

 

DIÁRIO - Esse apoio irrestrito ao governador pode influenciar em São Bernardo no pleito do ano que vem, aproximando PPS e PSDB?

ALEX - O governador tem dito que a realidade local é a realidade local. Quero parabenizar o PSDB, que teve uma escolha excepcional de seu presidente (municipal), o (vereador) Admir Ferro. É uma pessoa correta, que tem história, que trouxe o PSDB para o Grande ABC. Tem o (presidente da Câmara, Hiroyuki) Minami, que é uma figura com quem temos relacionamento positivo. As figuras do PSDB certamente trabalharão para que estejamos juntos. Eu vou aguardar, porque o PPS em São Bernardo, sem arrogância, é um partido maior do que é no Estado. Davi Zaia e Roberto Freire (presidente nacional da sigla) já falaram: São Bernardo é prioridade. É uma das poucas cidades com mais de 500 mil eleitores que teve um deputado do partido com a maior votação. É uma responsabilidade. Acho que a união (com o PSDB), se conseguir unir, certamente, é uma força muito grande.

 

DIÁRIO - A união com o governo Marinho é mais difícil?

ALEX -Acho que o pragmatismo do governo municipal, demonstrado na eleição da mesa (diretora, ao definir a 1ª secretaria), mostra que, se pragmaticamente for útil para eles, eles vão buscar, sem não, não. Eu quero construir a política por sensibilidade, não quero por pragmatismo.

 

DIÁRIO -Terceira via, como aconteceu em 2008, está descartada?

ALEX - A via alternativa não está descartada, mas  prudente buscarmos candidatura única (da oposição). Acho que nesse momento temos grupo de cinco vereadores que pode ser ampliado, e que temos responsabilidade de fazer até o fim do ano o julgamento do que é governo (Luiz Marinho). Se o governo tem respaldo e sentimento da população, não tem como ficar debatendo aquilo que a população aprova. Eu quero aguardar. 2011 é o ano que observaremos isso. Tinha uma meta muito clara que 2012 o processo seria dele (Otávio). Não parei para pensar ainda como será sem ele. Ia ajudar, ia apoiar, em qualquer decisão dele, ia me dedicar como ele fez nas minhas campanhas. Quando eu fizer a avaliação de como fica o quadro sem ele, vou fazer junto com o grupo, para poder tomar a melhor decisão.  fácil falar que sou candidato, mas quero compartilhar essa decisão. Até o fim do ano definimos.

 

DIÁRIO - E a candidatura de Dedé em Ribeirão, perdeu força?

ALEX - Volpi é um político maduro, experiente e sabe o que faz. Dedé tem todos os requisitos para ser o candidato a prefeito pelo governo. Estamos nos esforçando para que ele seja. Natural que o PPS vai apoiá-lo em qualquer decisão. Acho que se tornou muito candidato porque foi quase prefeito, com a posição do Volpi (quase) indo para o Daee. A situação mudou. Não tendo perspectiva, apaga um pouco a disputa. Não trabalhamos com a hipótese de ele não ser o candidato do governo. Temos um caminho favorável.

 

DIÁRIO - E a aproximação do sr. em São Caetano, com o prefeito Auricchio?

ALEX - Auricchio tem sido um bom parceiro. Nós tivemos estreitamento de relações recente, faz dois anos. Fui o deputado que mais ajudou São Caetano, ele teve papel fundamental na minha reeleição, fui o mais votado da cidade, isso fez com que tivéssemos uma sinergia. Com Auricchio terei relação de longo prazo do ponto de vista político. O PPS está à disposição dele. É o primeiro partido que estará com Auricchio no que ele definir para São Caetano (para 2012). Acredito que nossa relação política extrapola o âmbito de São Caetano.

 

DIÁRIO -Uma dobrada para 2014?

ALEX -Pode ser. É possível. Bem possível, inclusive, Não conversamos ainda sobre isso, mas é possível pela relação que temos. Tenho trabalhado para ele vir para o PPS, claro que ele tem respeito muito grande pelo PTB, mas, independente mentedo partido, estaremos juntos.

 

DIÁRIO - O que o sr. acha de William Dib, Luiz Marinho, Orlando Morando e Alex Manente?

ALEX -Dib, respeito. Marinho é o prefeito, não é? Orlando, deputado. Eu vivo numa política, quero sonhar com uma política que traga benefícios para a população. Minha missão é estar próximo à população para entender o desafio que temos no nosso mandato.




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