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Vitória da Folia!
André VieiraEnviado a Vitória
03/03/2011 | 07:43
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O Espírito Santo está em lua de mel com o Carnaval. Há cerca de dez anos, o Estado antecipa em uma semana a festa e prepara os desfiles de suas escolas antes de todo mundo. Resultado: está recuperando parte do prestígio perdido, aumentando o público a cada ano, atraindo turistas e, acima de tudo, colorindo a avenida e encantando os foliões em ritmo de muito samba para abrir a temporada brasileira.

O Carnaval no Estado passou em baixa entre as décadas de 1970 e 1980. Enfraquecida, sem apoio e sem investimento público, a festa foi por anos só uma grande Quarta-feira de Cinzas.

Historicamente, a população da região metropolitana de Vitória, a capital, já está acostumada a viajar nos dias de Folia para outras cidades do litoral ou para Estados vizinhos, especialmente Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

Com a festa local em decadência, os moradores encontravam mais um motivo para deixar a cidade. Mas, desde que a festa passou a ser organizada com antecedência, a cara do Carnaval mudou, e para melhor.

Entre quinta-feira e sábado, as escolas de samba do Espírito Santo se apresentaram para grande público, que lotou o Sambão do Povo, o democrático nome do sambódromo da capital.

No momento em que no resto do País os foliões ainda se preparam para vestir suas fantasias, esquentando os tamborins e ensaiando o samba no pé, no Espírito Santo a campeã de 2011 já é conhecida - a MUG (Mocidade Unida da Glória).

 

OS DESFILES

As dez agremiações do Grupo Especial levaram para a avenida neste ano temas como a cerveja, o tempo, a importância da reciclagem e as maravilhas que o homem pode fazer a partir do barro.

Os desfiles começaram na sexta-feira, debaixo de forte chuva, que terminou por prejudicar a apresentação das duas primeiras escolas, a Pega no Samba e a Tradição Serrana.

A tempestade dispersou parte do público das arquibancadas, que estavam bem ocupadas, mas não completamente lotadas.

Nos camarotes - estes, sim, bem cheios - a animação não parou nem no intervalo entre as apresentações, quando nos espaços se tocava mais música, do pagode aos ritmos eletrônicos.

Os desfiles continuaram com a Imperatriz do Forte e foram fechados pela Novo Império, mas foi a Independente de Boa Vista, campeã em 2010 e com sede na cidade vizinha de Cariacica, que mais levantou o público no primeiro dia. A apresentação refletiu no resultado: vice-campeã em 2011.

O auge do Carnaval estava reservado para o segundo dia, quando desfilaram as duas escolas mais tradicionais do Estado, e também rivais: Jucutuquara e MUG.

A Jucutuquara entrou na avenida com o maior entre todos os carros alegóricos da festa do Espírito Santo em 2011. Com o enredo Dá um Tempo, a agremiação desfilou fantasias bem elaboradas.

A bateria, com maior número de cuícas entre todas as escolas, abusou sem atravessar o samba, das coreografias e das paradinhas, o que agradou em muito o público.

Fechando os desfiles com dia nascendo, o brilho da MUG não foi ofuscado pelos primeiros raios de sol. Pelo contrário: o astro rei trouxe mais cor para a agremiação de Vila Velha, que cantou a cerveja.

Fazendo o vermelho, que é a sua cor, prevalecer nas alegorias, a MUG também ostentou carros alegóricos bem grandes na avenida, com passistas equilibrados lá no alto, quase na mesma altura do último degrau da arquibancada.

Apesar das apostas, o segundo dia não foi só polarizado pelas duas escolas. A Unidos da Piedade, que explorou no samba-enredo o universo da arte dos espetáculos, impressionou do começo ao fim, o que lhe garantiu o terceiro lugar.

A comissão de frente apresentou coreografias múltiplas, que retratam desde o balé clássico até os passos eternizados por Michael Jackson, enquanto a bateria veio com máscara inspirada no clássico O Fantasma da Opera.

Ainda que a festa não tenha ficado livre dos problemas trazidos pela chuva e que algumas escolas não tenham conseguido evitar falhas - como carros quebrados, atrasos e um pouco de pressa para não estourar o tempo regulamentar -, os desfiles em Vitória encantaram.

Afinal, com mais ou menos vitrine, o samba que contagia o Brasil e enche os olhos do mundo é um só de Norte a Sul e toca os corações dos foliões com a mesma intensidade em qualquer palco.

 

O jornalista viajou a convite da Adetur (Agência de Desenvolvimento Sustentável da Região Metropolitana) e da Setur (Secretaria de Turismo do Espírito Santo)




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