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Delegada ameaça denunciar 'metade' da polícia da PB
Do Diário do Grande ABC
25/03/2000 | 17:11
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Presa sob a acusaçao de cumplicidade com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, a delegada Maria Rodrigues Vasconcelos, 49 anos, diretora da Polinter de Joao Pessoa, na Paraíba, disse ao delegado da Polinter do Rio, Alvaro Lins, durante o vôo 321 da Varig, que se contar o que sabe pode comprometer metade da polícia paraibana. A revelaçao foi feita neste sábado por Lins, logo após chegar de Joao Pessoa, em companhia de Maria Rodrigues, que desembarcou chorando no Aeroporto Internacional, às 11 horas. ``Sem entrar em detalhes, ela me disse que tem condiçoes de comprometer metade da polícia da Paraíba', contou Alvaro Lins. A delegada está presa numa cela na Companhia de Policiamento de Trânsito, no Centro.

Maria Rodrigues foi presa na noite de quinta-feira passada por determinaçao da juíza da 1ªVara Criminal de Duque de Caxias, Teresa Avelar. Ela aparece, em gravaçoes telefônicas feitas pela Polícia Federal, conversando com as irmas do traficante, Débora Cristina e Alessandra da Costa, que viveram na Paraíba e atualmente estao presas no Rio. Além da delegada, outras 13 pessoas acusadas de envolvimento com Fernandinho Beira-Mar foram presas no Rio, em Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, durante uma operaçao coordenada pelo Ministério Público do Rio. Entre as quais, o suplente de vereador em Duque de Caxias Ricardo José de Souza, acusado de falsificar documentos para o traficante mais procurado do país.

Alvaro Lins, que nao quis comentar o andamento da investigaçao sobre os cúmplices de Fernandinho Beira-Mar, disse ter sido surpreendido pelas exigências feitas pela Justiça da Paraíba para autorizar a transferência da delegada para o Rio. Segundo o delegado, Maria Rodrigues poderia ter chegado ao Rio na sexta-feira, mas a juíza da 7ªVara Criminal de Joao Pessoa, Antonieta Lúcia Nóbrega, exigiu uma carta precatória da juíza da 1ªVara Criminal de Caxias, Teresa Avelar, para expedir um mandado de recambiamento. ``Em todo o meu tempo de polícia, nunca ouvi falar em mandado de recambiamento', destacou.

O delegado da Polinter do Rio só conseguiu deixar o 5º Batalhao de Polícia Militar de Joao Pessoa, onde Maria Rodrigues estava presa, às 5h deste sábado. Eles embarcaram no vôo que deixou a capital da Paraíba às 7 horas com destino ao Rio. A viagem foi marcada pela tensao, segundo Lins, pois havia a preocupaçao de que Maria Rodrigues sofresse algum tipo de atentado. Em Belém, no Pará, por exemplo, onde o aviao fez escala, todos os passageiros que embarcaram foram revistados.

Alvaro Lins definiu a viagem de volta para o Rio em companhia da diretora da Polinter de Joao Pessoa como um grande constrangimento. Ele lembrou que, na véspera da prisao, tinha telefonado para Maria Rodrigues, a fim pedir um carro para receber um preso do Rio que chegava a Joao Pessoa. ``Na quarta-feira, conversei com ela. Dois dias depois, eu a estava buscando, presa', disse Alvaro Lins. ``É constrangedor.'




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