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Fuja da ressaca
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/03/2011 | 07:01
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Carnaval seguro não precisa ser chato, para evitar arrependimentos depois de quatro dias de folia. Mas muita gente esquece disso e amarga as consequências.Uma das provas é o aumento da procura pelos serviços que tiram dúvidas sobre DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e locais que fazem testes de HIV, que chega a crescer 60% logo após o Carnaval. A constatação é da Secretaria de Estado da Saúde com base nos atendimentos do Disk-Aids (0800-162550), serviço telefônico gratuito.

"As pessoas devem ter consciência de que o mundo não acaba no Carnaval, portanto, a responsabilidade deve estar sempre presente", afirma Maria Helena Vilela, educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan. Para ela, o álcool - mesmo tendo venda proibida para adolescentes - é um dos grandes responsáveis pelos atos impensados durante o feriado. "O álcool rola o tempo todo e faz com que as pessoas percam a noção da realidade."

O consumo da bebida é apontado como a principal causa de mortes e acidentes graves envolvendo jovens, principalmente nesta época do ano. Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, 14,8% dos adolescentes entre 12 e 17 anos bebem regularmente e 6,7% são dependentes do álcool. O que isso quer dizer? Com o álcool aumenta a violência, os acidentes no trânsito e o sexo sem camisinha. "O que era para ser motivo de alegria, vira um ato com consequências para a vida toda", completa a educadora.

  

Camisinha tem de ser parte da fantasia - A sensualidade faz parte do Carnaval, não tem jeito. A pegação rola solta, principalmente nas micaretas. Por isso é importante ter sempre camisinha por perto. Mais do que gravidez indesejada, a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis também fazem festa e algumas ficam para sempre. O principal alvo? As meninas. Tanto que a campanha preventiva da Aids neste ano foca garotas de 15 a 24 anos.

"Assim como os homens, elas também devem ter o preservativo na hora da relação e negociar o uso", alerta Alexandre Padilha, Ministro da Saúde. Segundo Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas da População Brasileira, 76,8% dos meninos de 15 a 24 anos usaram preservativo na última relação sexual; a mema atitude só foi tomada por 49,7% das garotas.

E beijo na boca é liberado? "Nem tanto", pondera Eduardo Baena, médico do Hospital e Maternidade Beneficiência Portuguesa de Santo André. Segundo ele, quem beija seis, sete em uma noite corre mais risco de pegar doenças como mononucleose (tipo de doença infecciosa, cujos sintomas são febre, enjoo, dores de cabeça, entre outros), herpes e - em alguns casos - até DSTs (e tiver alguma feridinha na boca).

  

Carnaval é coisa série para muita gente - Quem assiste aos desfiles das escolas de samba, não tem ideia do trabalho e da seriedade envolvidos na preparação da festa. As comunidades passam um ano organizando tudo. Para elas, é uma diversão mais do que responsável.

Desde que se conhece por gente, Juliana Cunha, 20 anos, do Ocara Clube de Santo André, curte o Carnaval do lado da comunidade. Ela faz parte da bateria, tocando tamborim. "Para mim, é mais do que diversão; portanto, preciso me concentrar e só tomo água para hidratar", conta a menina, que não julga quem libera geral na festa. "Cada um sabe o que faz. Mas, independentemente do Carnaval, é preciso ter responsabilidade."

Da mesma opinião, Evandro de Lima, 17, do Ceci de Santo André, cresceu tocando tamborim. "O mestre não permite que a gente beba álcool e pede concentração. Acho certo." Isso não quer dizer que ele não se divirta. "Após o desfile, voltamos à avenida para curtir."

 

Fuja das armadilhas

Lança-perfume - Não é raro ver a galera cheirando lança-perfume por meio de lencinhos amarrados no punho. Quando inalada, a droga (que mistura éter, clorifórmio, entre outras substâncias) libera adrenalina causando sensação de euforia. Cada organismo reage de um jeito. Pode provocar parada cardíaca.

Sexo sem camisinha - No Brasil, há 630 mil pessoas vivendo com o vírus da Aids. Dessas, 255 mil não sabem disso. Não dá para arriscar.

Álcool - Não está com nada dizer que não dá para se divertir sem beber. Há muitas bebidas deliciosas e refrescantes sem álcool. Aliás, muita água é essencial para manter o corpo hidratado.

Violência - O uso do álcool pode resultar em brigas e até mortes. Também provoca muitos acidentes de trânsito.

Vulgaridade - Tudo bem que Carnaval é calor, e as roupas curtas são bem-vindas, mas não abuse. Imagina só se um vídeo seu dançando sensualmente vai parar na net. Será tarde para se arrepender.

 

Cuide-se - Antes de sair de casa, pense bem até que ponto você pode ir. Isso não é ser careta, é apenas saber se vale a pena correr riscos. Confira dicas para não se arrepender depois:

O corpo é seu, tome conta dele. Não o exponha demais.

Beba muita água e coma alimentos leves durante as festas. Evite comprar comida na rua.

Leve sempre camisinha.

Nunca saia sozinho. Divirta-se entre amigos, dos quais pode confiar de verdade.

Não minta para os pais, revele exatamente onde estará, com quem e até que horas.

Afaste-se de brigas e confusões. Recuse-se a entrar em carro de gente bêbada.

Depois do Carnaval, descanse para recuperar as energias e voltar bem às aulas.

 

Você sabia? - Desde que o Carnaval chegou ao Brasil trazido pelos portugueses, em 1723, há farra e bagunça. Naquela época, era brincadeira entre as famílias ricas, que promoviam bailes de gala e iam para as sacadas e janelas com suas máscaras chiquérrimas para atirar água, farinha e ovos uns nos outros. A festa só tornou-se popular de fato em meados de 1910, quando a população mais pobre começou a organizar cordões (antigas micaretas e blocos de rua, que deram origem às escolas de samba). Com o tempo, foi-se introduzindo novas características como instrumentos musicais, sambas-enredos, fantasias e mulheres quase peladas, dando à festa um tom mais vulgar do que no início.




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