O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-São Bernardo) entrou na mira do TCU (Tribunal de Contas da União) – por um motivo que ele diz considerar “absurdo”. Em julho de 2004, o órgão responsável pela fiscalização dos gastos do governo federal e da Câmara dos Deputados recebeu representação do MPF (Ministério Público Federal) pedindo apuração sobre suposta irregularidade na impressão e distribuição de 80 mil exemplares de um livreto vermelho com informações sobre o Estatuto do Idoso.

O pedido do MP, segundo Vicentinho, baseou-se em reportagem do jornal Correio Brasiliense, do Distrito Federal, que atribuiu ao material caráter eleitoreiro. Nome, foto e endereço de Vicentinho são estampados no impresso em 23 páginas de papel couché (igual ao das revistas). A cartilha foi distribuída em São Bernardo a partir de março de 2004, ano em que Vicentinho concorreu à Prefeitura. De acordo com a assessoria do parlamentar, o material impresso na Bangraf (Gráfica dos Bancários) custou R$ 29 mil, pagos em duas vezes com recursos da Câmara, por meio da verba indenizatória dos deputados.

“Há dois anos, o Correio fez matéria e disse que o estatuto era eleitoreiro. Mas o deputado tem o direito de fazer. Todos os envolvidos com o Estatuto do Idoso imprimiram material igual. O Ministério Público leu a matéria e, por dever de ofício, pediu para o TCU verificar o material. Está parado, não tem nenhum andamento, não tem nada”, disse terça-feira Vicentinho.

O deputado contou ter entrado em contato com o TCU, após a divulgação do caso pela TV Globo, no noticiário de segunda-feira. Ele afirmou que se houvesse irregularidade no contrato a Câmara não teria feito o pagamento do material.

Consultada pelo Diário no início e no final da tarde de terça-feira, a assessoria do tribunal informou que não conseguiu localizar qualquer processo envolvendo o nome do deputado. Vicentinho diz que o material foi impresso em 31 de março e distribuído na mesma época. “Mesmo que tivesse sido distribuído durante a campanha não teria o menor problema.”

Próximo ao presidente Lula, Vicentinho já foi relacionado irregularmente como beneficiário do mensalão e acertadamente, de acordo com sua prestação de contas, como destinatário de parte das doações do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, compadre de Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado se as denúncias procuram afetá-lo com objetivo de atingir o presidente, o deputado comentou: “Fiquei pensando, será que é isso?”.

Mais livros – O deputado de São Bernardo, aliás, anuncia a distribuição de novos livretos igualmente bancados pela Câmara: “Estamos com um grande tiragem sobre a prestação de contas do mandato. Depois vamos fazer im sobre assédio moral no trabalho, igualdade racial e sobre os direitos dos portadores de deficiência”, prometeu. “Não tem problema sair com o nome do deputado. Eu olhei vários estatutos. É a verba do deputado. É o deputado que manda”, afirmou.