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Baependi: onde o tempo corre tranqüilo
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
25/09/2002 | 20:23
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No fim dos anos 70, o agricultor Arlindo Gabriel dos Santos, da cidade de Baependi, no circuito mineiro das águas, relatou que durante uma caçada noturna fez contato com extraterrestres. Talvez seja por isso que a localidade hoje ofereça atrações 'do outro mundo', entre as quais 56 cachoeiras que se espalham pelos 25 rios que cortam o município e as montanhas que compõem a Serra da Mantiqueira. Esses são motivos suficientes para que o município seja invadido atualmente por amantes do ecoturismo de todo o país.

Definida por seus moradores como a cidade onde o tempo corre tranqüilo e sereno como as águas de seus rios e cachoeiras, Baependi atrai os turistas interessados em descanso e também aqueles que buscam aventura. As trilhas que levam às cachoeiras – e também às montanhas da Serra de Santa Maria – oferecem muitas opções para os adeptos do montanhismo, trekking, mountain bike, canyoning e também para os apaixonados por esportes radicais, como rapel, alpinismo e paraglider.

Entre as cachoeiras, a do Caixão Branco é a mais visitada. Localizada no bairro do Gamarra, ela possui dez metros de largura e cinco de altura. Seu principal atrativo é a limpidez de suas águas, muito frias e claras. O turista ainda tem de reservar fôlego para conhecer outros pontos turísticos da cidade, como as cachoeiras da Pá, da Usina, Toca do Urubu, do Inferninho, do Porto do Correio, da Pedra Furada, e por aí vai.

Nos limites da cidade está o Parque Estadual da Serra do Papagaio, que faz parte da área de proteção ambiental da Serra da Mantiqueira e que tem como principais destaques em seus 22.917 hectares – quase a metade dos domínios de Baependi – os mais de dois milhões de pés de Araucária Angustifolia e a presença do Amazona Vinacea, conhecido como papagaio-peito-roxo, que dá nome ao parque e que está ameaçado de extinção.

Outro animal que corre risco de desaparecer do planeta e que habita a área é o pirapitanga, um peixe raro e pouco conhecido que ainda é encontrado nos rios Itaúna e Gamarra.

Baependi não se destaca apenas por seus atrativos naturais. A cidade possui tradição também no turismo religioso, graças à Nhá Chica, que pode ser a segunda santa brasileira – a primeira é Madre Paulina, que foi canonizada este ano.

A religiosa mineira – que nasceu em São João del Rei em 1810 — mudou-se para a cidade aos oito anos e se destacou pela bondade, caridade, fé e amor ao próximo – atrai fiéis de vários pontos do país que vão até a igreja de Nossa Senhora da Conceição (construída por ela) pedir e agradecer por graças alcançadas.

Desde 1993 tramita no Vaticano o processo de beatificação de Nhá Chica, um passo para a canonização.

A história de Baependi está diretamente ligada à procura pelo ouro no século 16. Partindo de São Paulo, os sertanistas Antonio Delgado da Veiga, seu filho, João da Veiga, e Manoel Garcia alcançaram, em 1692, um sítio que chamaram de Maependi (Mbaé-pindi, que em Tupi-Guarani significa clareira aberta ou muitos caminhos dependurados).

A fama de que o local era rico em ouro atraiu muitos aventureiros, mas em pouco tempo se constatou que a mineração não era o forte da região. Baependi tornou-se então uma cidade agrícola, com predominância para a lavoura do tabaco, e no século 19 tornou-se a maior produtora de Minas Gerais. Em 2 de maio de 1856, o pequeno vilarejo foi elevado à condição de cidade e hoje explora a agropecuária, o comércio e o artesanato.




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