Ao mesmo tempo em que a grande maioria dos torcedores estiverem colocando milho na panela para esperar a pipoca quentinha, vestindo a camisa verde-amarela e se ajeitando no sofá ou buscando um bom bar para assistir ao jogo da Seleção Brasileira contra o Paraguai, às 16h, pelas quartas de final da Copa América, o Santo André inicia sua trajetória no Campeonato Brasileiro da Série C contra outro Brasil, o de Pelotas (RS), a partir das 15h, no Estádio Bruno Daniel.
Na Argentina, craques como Neymar, Ganso, Robinho e Pato duelarão contra Lucas Barrios e Roque Santa Cruz. Por aqui, simultaneamente, Cristiano Brasília, Ramazzotti, Chiquinho e companhia vão para cima da equipe gaúcha, na busca dos três primeiros pontos.
O Ramalhão até tentou mudar o dia e horário da partida para não haver competição entre os jogos, mas sem êxito, aposta que a paixão do torcedores andreenses prevaleça e estes possam comparecer e apoiar o primeiro passo do time rumo ao retorno para a Série B do Nacional.
"Vai ser complicado, não tem como competir. Mas os verdadeiros torcedores virão nos prestigiar. Esperamos que nossa torcida venha com o radinho ligado na Seleção, mas para assistir o Santo André, porque a gente precisa", destacou o lateral-esquerdo André Luiz. "Aquele torcedor andreense que apoia, gosta e ama o clube virá para nos apoiar. Será o pontapé inicial para recolocar o time na Série B. Temos equipe nova, que está querendo, tem objetivos e esperamos que o torcedor compareça", emendou o técnico e ídolo andreense Sandro Gaúcho.
Na opinião do atacante Cristiano Brasília, para os próprios jogadores não importa jogar ao mesmo tempo que a Seleção, e mantém discurso semelhante ao dos demais. "Para nós não faz diferença. Na nossa profissão, jogar junto da Seleção Brasileira, no Dia das Mães, em aniversários, é normal. Mas aquele torcedor que realmente gosta vai deixar o Brasil de lado para nos incentivar."
Se o Ramalhão ainda está sujeito ao desconhecimento totalmente oposto ao reconhecimento da equipe de Mano Menezes, vai tentar se superar na base da união e da amizade da família Sandro Gaúcho. "Estamos preparados. Vamos procurar mostrar força em campo. Teremos dificuldades, sabemos de nossas limitações, mas com dedicação, equilíbrio e criando situações podemos nos superar", concluiu o treinador.
Heroi de 2003 reaparece do lado oposto
o dia 7 de dezembro de 2003, a torcida do Campinense (PB) lotava e fazia festa no Estádio Amigão. Uma vitória dava ao time paraibano o acesso para a Série B. Mas aos 40 minutos do segundo tempo, Tássio tocou para Elvis e o canhotinha rolou para Marcos Denner. O atacante driblou o goleiro Jailson e marcou o gol da vitória do Santo André, por 2 a 1, que fez com que o time do Grande ABC ressurgisse na Segunda Divisão Nacional. Hoje, porém, o heroi da noite aparece do lado oposto, com a camisa do Brasil de Pelotas, novamente no terceiro degrau do futebol brasileiro.
Aos 33 anos, o jogador é o mais experiente da equipe gaúcha e vai comandar de dentro de campo o Xavante ao ataque. Porém, ainda guarda na memórias os momentos no Ramalhão, principalmente no dia do acesso.
"Me lembro bem daquele dia. A festa estava montada em Campina Grande. Eles abriram 1 a 0, mas logo em seguida o Rodrigo Tabata (meia do Campinense) foi expulso. Nós empatamos com o Tássio e num contra-ataque rápido, driblei o Jailson e viramos. Viemos fazendo festa de lá até aqui", recorda.
Na atualidade, porém, Marcos Denner veste rubro-negro. "Muita coisa aconteceu e fui feliz no Santo André, mas agora meu objetivo é fazer gols para ajudar o Brasil", destacou.De acordo com o atacante, a equipe pelotense ainda está em processo de montagem, após não conseguir o acesso para a elite do Campeonato Gaúcho. "Nosso time está em formação. Muita coisa mudou, sabemos das nossas limitações e esperamos nos acertar dentro da competição."
Sendo o atleta de mais bagagem do elenco, Marcos Denner procura passar aos companheiros a tranquilidade necessária para a estreia. Mesmo que ele próprio admita certa "ansiedade". "Tento passar que estreia é sempre tem dificuldade e adrenalina, mas é um jogo tão importante quanto o último", disse.
Na visão do técnico Beto Almeida, apesar das dificuldades naturais o time virá para cima do Ramalhão. "A escalação é ousada, mas com muita responsabilidade. Um time combativo, um setor de meio-campo com muita marcação e com um lateral ficando mais, com relação ao outro", destacou o treinador, que um dia comandou Sandro Gaúcho no Caxias (RS).
Ramalhão tem grupo ao estilo do torneio
Elenco reformado, renovado e motivado. Este é o Santo André que inicia hoje a caminhada pela Série C do Campeonato Brasileiro. São 27 atletas que buscarão passar entre os dois primeiros colocados do Grupo 4 na fase inicial do torneio. Posteriormente, outras duas chaves serão formadas e as equipes que ficarem na primeira e segunda colocações sobem para a Série B.
Se na teoria não parece caminho tão difícil, na prática todos no Ramalhão sabem que será e, por isso, o time foi montado bem ao estilo do torneio, com defesa imponente e marcação forte.
"Bom time começa por boa defesa. Como a marcação começa desde o ataque, a bola não chega tão redonda atrás e facilita para a gente", afirmou o zagueiro Daniel Gigante, contratado junto ao Concórdia (SC). "Acredito que este é o ponto mais firme da equipe. Os zagueiros e os laterais assimilaram bem, assim como os volantes. Todos estão bem seguros, até mesmo aqueles de fora. Com certeza a defesa não vai ser nosso problema", emendou o lateral-esquerdo André Luiz.
Mas o atacante Cristiano Brasília já deu mostras de que a bola parada é outro ponto forte, com dois gols durante a pré-temporada. "Agora é levar para dentro da competição", concluiu o goleiro André Luís.
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