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Juros da Caixa sao mais caros
Do Diário do Grande ABC
17/06/2000 | 14:55
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Ancorada num expediente semântico, a Caixa Econômica Federal cobra, na prática, juros mais altos que os bancos privados na hora de financiar imóvel para a classe média, na faixa que seria atendida pelo Sistema Financeiro da Habitaçao (SFH).

Para efeito de anúncio, a taxa de juros na Carta de Crédito Caixa é de 12% ao ano, mais a variaçao da TR. É a mesma estabelecida pelos bancos privados para financiamentos dentro do SFH. Ninguém nota diferença.

A questao é que, na Caixa, essa taxa de 12% ao ano é nominal, o que dá, na prática, 1% ao mês. Nos demais bancos, o mesmo percentual é efetivo, o que resulta em 0,95% ao mês. É um linguajar matemático: taxa efetiva quer dizer aquela que é capitalizada (juros sobre juros) durante determinado período, no caso, em 12 meses. A nominal é a soma da mensal.

Fórmula - Em resumo, a Caixa cobra taxa nominal de 12% ao ano e efetiva de 12,68%. É a mesma sistemática usada pelas construtoras nos financiamentos diretos para aquisiçao de imóvel na planta. Já nos bancos privados, os juros nominais sao de 11,4% e efetivos, de 12%.

Essa diferença de 0,05% mensal é expressiva porque os juros sao pagos pelo mutuário mês a mês na prestaçao. Para um saldo devedor de R$ 50 mil, significa, a grosso modo, R$ 25 a mais a título de juros, que poderiam estar sendo usados para abater o valor principal e reduzir mais rapidamente a dívida. No ano, a mordida é de R$ 300 em média.

Os juros de 0,95% ao mês sao cobrados pelos bancos privados somente nos empréstimos dentro do SFH, com recursos da caderneta de poupança: o financiamento é máximo de R$ 150 mil e o imóvel nao pode custar mais que R$ 300 mil.

É bom destacar que os bancos privados cobram menos porque sao obrigados. A lei do SFH determina que a taxa efetiva máxima seja de 12% ao ano. Os financiamentos da Caixa para a classe média sao fora do SFH, a maior parte com recursos próprios da instituiçao.

Juros - ``É a taxa apropriada para a fonte de recursos utilizada', afirma o superintendente da área de financiamentos da Caixa, Renato Nardoni. Segundo ele, as taxas de juros cobradas pelos demais bancos nos financiamentos fora do SFH, pela carteira hipotecária, sao mais altos. Realmente, para valores financiados acima de R$ 150 mil, as taxas vao de 12,5% a 15% ao ano nas instituiçoes privadas (de 1,04% a 1,25% ao mês).

Na Carta de Crédito Caixa, a taxa de 1% ao mês vale para qualquer faixa de financiamento até R$ 500 mil, mesmo para valores acima de R$ 150 mil. Também é possível financiar até 100% do valor do imóvel avaliado em até R$ 200 mil. Os bancos privados só financiam até 60% do valor.

De qualquer forma, a Caixa acaba favorecendo quem tem renda maior e pode contratar valor mais alto, mas prejudica quem estaria na faixa atendida pelo SFH. O banco nao está financiando dentro do SFH porque está superaplicado, ou seja, sua carteira imobiliária é superior aos seus recursos de caderneta de poupança.




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