"Hoje o Brasil nao tem mais recursos para resistir à dolarizaçao pregada pela Argentina, nao somente para ela mas para todo o continente", estimou Christophe Cordonnier, dirigente do Crédit Agricole-Indosuez, em um colóquio sobre exportaçao.

``A dolarizaçao vai avançar no continente e ela se fará com o Brasil que nao tem meios de resistir', insistiu Bernard Mancier, presidente do CCF do Brasil, agência brasileira do banco francês.

Cordonnier vai mais longe. Estima que ``os Estados Unidos aproveitam esta crise para impulsionar sua grande idéia de uma área de câmbio livre cobrindo todo o continente americano', do Alasca à Terra do Fogo.

Tomar o dólar como única referência seria criar de facto as preliminares dessa área de câmbio livre, que do ponto de vista americano se limita atualmente ao Canadá, EUA e México.

A velha idéia de fazer do dólar a moeda única americana voltou à cena depois da decisao de Brasília de deixar flutuar o real, que se desvalorizou mais de 30% diante da divisa americana. Esta desvalorizaçao faz temer aos argentinos nao apenas terem produtos menos competitivos e serem inundados de produtos brasileiros, mas igualmente serem vítimas, por sua vez, da desconfiança dos mercados para com os países emergentes.

Dolarizar permitiria aos países, que a escolheram, verem baixar suas taxas de juros, ao preço de um abandono total de sua política financeira em benefício do banco central americano (FED).