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Fifa veta altitude e causa revolta em países da América do Sul
Da AFP
28/05/2007 | 20:04
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O veto da Fifa (Federação internacional de Futebol) à realização de jogos internacionais em estádios localizados a mais de 2.500 metros de altitude foi refutado nesta segunda-feira por vários países latino-americanos que se sentem prejudicados e que, a pedido da Bolívia, poderiam assumir uma posição comum para contestar a medida.

“Vamos consultar os países e cidades afetadas pela resolução da Fifa para tomar uma posição, possivelmente convocando uma reunião aqui em La Paz”, assinalou o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao se referir ao assunto.

“Faço um apelo aos irmãos presidentes da Argentina, Brasil e de outros países da América Latina (contrários a jogar na altitude), à própria Fifa, para que os povos que vivem nas grandes alturas não sejam excluídos do futebol”, acrescentou Morales.

No domingo, o Comitê Executivo da Fifa anunciou o veto por razões médicas e para proteger a saúde dos jogadores, dois dias antes da realização de seu 57º Congresso em Zurique (SUI). “Eu sei que haverá queixas, principalmente na América do Sul, mas temos que pensar na saúde dos jogadores. Também na distorção da competição se os jogos são disputados nesse nível”, explicou o presidente da Fifa, Joseph Blatter.

Blatter não estava equivocado, já que choveram críticas à resolução vindas de Bolívia, Equador, México, Peru e Colômbia, quase sempre fundamentadas no princípio universal do futebol.

Tantas foram as pedras atiradas ao veto que o próprio Blater alertou em Zurique aos presidentes das federações sul-americanas sobre a possibilidade de revisão. Ainda na Suíça, o presidente da FCF (Federação Colombiana de Futebol), Luis Bedoya, disse que a Fifa está aberta à possibilidade de revisão se assim propor a CSF (Confederação Sul-americana de Futebol).

“Portanto, para o estudo e decisão imediata sobre esse pedido foi convocada para 14 de junho próximo no Paraguai uma reunião da comissão médica da entidade e para o dia seguinte, outra com todos os presidentes das associações e federações que a integram”, informou Bedoya.

Coincidindo com Bedoya, o porta-voz da CSF, Néstor Benítez, confirmou a realização do encontro e ressaltou que se for tomada uma decisão por um pedido de reconsideração à Fifa não será a primeira. A Bolívia é o país mais prejudicado da região porque a maioria de seus estádios está situada a mais de 2.500 metros e o Hernando Siles de La Paz, a 3.577 metros sobre o nível do mar.

Segundo o presidente da FBF (Federação Boliviana de Futebol), Carlos Chávez, a medida da Fifa tem elementos políticos e por trás dela se encontrariam o Brasil e a Argentina.

“Isto é uma idéia do Brasil, Argentina e Uruguai. Rejeitamos categoricamente a medida e estamos coordenando nossa resposta com os países que jogam na altitude, porque tal medida não está limitada às eliminatórias, mas a todo e qualquer torneio internacional”, disse em Lima (Peru) Juvenal Silva, integrante da Comissão África do Sul - 2010. “A Fifa acredita que só Argentina, Brasil e Uruguai têm direito de ir ao Mundial, isso é um exagero”, acrescentou.

Luis Chiriboga, presidente da Federação Equatoriana de Futebol, assegurou que seu país defenderá até a morte seu direito de continuar jogando em Quito (2.800 m), inclusive as eliminatórias.

Segundo Chiriboga, as federações estão reexaminado os efeitos da altura sobre a saúde dos jogadores. “Revimos a questão e não temos casos de jogadores que morreram por jogar na altitude, em compensação há casos de jogadores que faleceram jogando ao nível do mar, devido ao calor excessivo”, expressou.

Em termos idênticos se expressou o técnico colombiano, Jorge Luis Pinto, que defende a realização dos confrontos eliminatórios em Bogotá (2.600 metros de altitude). “Morreram mais jogadores ao nível do mar da Europa; na altitude não morreu ninguém”, disse Pinto.

O técnico lembrou que não foi registrado qualquer acidente fatal na capital colombiana, Quito ou La Paz ao longo de meio século de futebol, e sustentou que a decisão não tem fundamento fisiológico, pois já se demonstrou que atletas podem ser preparados e atuar nas grandes alturas.

No México, dirigentes do Toluca, cujo estádio se encontra localizado a 2.667 metros de altura, também rejeitaram a medida da Fifa. “Pode prejudicar mais se houver partidas a 38° ou 40° centígrados de temperatura como ocorreu em alguns mundiais, do que na altitude”, disse Angel López, vice-presidente dessa equipe, que vem disputando as últimas edições da Taça Libertadores da América e da Copa da Sul-americana.



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