Uma petista está nos planos do PV – ou de pelo menos parte dele – em Santo André. O vereador Carlos Raposo convidou oficialmente a parlamentar Heleni de Paiva (PT) para disputar a sucessão municipal de 2008 como candidata a prefeita do PV. A atitude de Raposo, porém, expôs ainda mais o racha existente na legenda, que há tempos não se entende.

Um dos problemas da manifestação de Raposo é que ele sequer está com a sua situação definida no PV, segundo o presidente municipal da legenda, Eric Lamarca. Ele confirma que uma ala do partido não aprova o fato de o vereador, mesmo fazendo parte do bloco de sustentação ao governo, fazer questão de se colocar como oposição à administração.

No ano passado, Raposo dava como certa a sua saída da legenda. O vereador, no entanto, recuou e decidiu permanecer para ajudar o partido a se fortalecer em Santo André. Mas a insistência dele em continuar na oposição deixa o partido em alerta. “A questão não está totalmente resolvida”, ressalta Lamarca. “Não dá para ter um vereador no partido fazendo o que bem entende. Precisamos saber o que ele realmente quer, por isso buscaremos um entendimento”, acrescenta.

O mandatário do PV afirma que cobrará uma atitude “mais equilibrada” de Raposo e não descarta a possibilidade de desfiliá-lo caso não mude a postura. “Já estamos escaldados”, pondera Lamarca.

Quanto ao convite de Raposo a Heleni, o presidente do diretório não vê problemas, mas não esconde a insatisfação. “Trata-se de um nome interessante, uma pessoa que sempre foi muito simpática às causas do partido. Mas não acredito que ela saia do PT. Tem uma história lá dentro”, analisa.

Lamarca faz questão de dizer que o convite não é do PV, e sim de Raposo. “Vereador gosta de aparecer às vezes. Quem fala pelo partido é a Executiva. Ele deve responder pelo mandato”, alfineta.

Ao mesmo tempo em que não chega a um acordo com o parlamentar, o PV começa a ter problemas com outro representante na Câmara: Donizeti Pereira. A indefinição quanto ao futuro da legenda tem incomodado o vereador, que não descarta uma mudança de partido caso o PV não decida se lançará candidatura própria em 2008 ou se permanecerá na base aliada.

“Não dá para ficar do jeito que está. É preciso promover um amplo debate sobre qual o caminho a ser seguido, quem são os possíveis pré-candidatos. Até porque, se o partido tem vontade de ter candidato próprio é porque está sinalizando que será oposição. Então, não acho que devemos ficar com o Paço até a eleição e depois mudar de lado”, avalia Donizeti.

Ainda segundo o vereador, o PV está desorganizado. “Não sei se a palavra é rachado, mas falta entendimento e um pouco de organização. É preciso que as lideranças sentem para dialogar e discutam as propostas em conjunto. Hoje, há uma clara insegurança.”

Convite - Raposo segue com a idéia fixa de tirar Heleni do PT. “Trata-se de uma vereadora atuante, um excelente nome que não tem espaço no PT. Quem sabe ela aceita?”, avisa Raposo. “Já levantei a possibilidade em outras conversas, mas ela não disse nem sim nem não. Se não respondeu é porque a porta está aberta para conversar.”

Heleni limita-se a dizer: “Me sinto muito lisonjeada em ser lembrada por três partidos na cidade. Isso demonstra que todo político sério tem o seu trabalho reconhecido”, declara, sem citar as outras duas legendas interessadas. “Tenho apreço pelo vereador Raposo de longa data. Respeito o PV por ter iniciado o debate sobre a questão ecológica, mas estou há 20 anos no mesmo partido”, explica a petista.