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Espião russo é descoberto
Das Agências
21/02/2001 | 13:31
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Durante mais de 15 anos, Robert Hanssen se fez passar por bom pai de família, vizinho cordial e dedicado agente do FBI, enquanto vendia informações secretas aos russos em sua condição de homem acima de qualquer suspeita.

Para a União Soviética, Hanssen era o ‘‘B’’, um espião que fornecia segredos de defesa, nomes de agentes duplos e informações sobre os métodos de vigilância utilizados pelos Estados Unidos em suas atividades de contra-espionagem.

Casado, pai de seis filhos e religioso praticante, 56 anos, este cidadão tinha o perfil ideal do agente dedicado a seu país, com 27 anos de carreira exemplar no setor de contra-espionagem do Bureau Federal de Investigação (FBI).

No bairro residencial de Viena, onde ‘‘Bob’’, como era conhecido, vivia, o caso causou grande comoção e nenhum de seus vizinhos conseguia acreditar na história. ‘‘Falei com quatro amigos esta manhã e ninguém acredita. Não é possível! Não pode ser o Bob’’, disse Nancy Cullen, amiga dos Hanssen.

Nascido em Chicago (Illinois), Hanssen fez o curso de perito mercantil e aprendeu russo, antes de trabalhar na Polícia de Chicago e entrar para o FBI em 1976.

Em 1985, na cidade de Nova York, Hanssen assumiu a divisão de Inteligência do FBI local, cujo trabalho principal era vigiar a missão diplomática russa na ONU.

Nesta posição, Hanssen enviou uma carta anônima em 4 de outubro de 1985 para um oficial da KGB na embaixada soviética em Washington com a seguinte mensagem: ‘‘Estimado senhor Cherkashine, em alguns dias vou enviar uma caixa de documentos alguns dos quais extremamente sensíveis. Penso que serão suficientes para merecer um pagamento de US$ 100 mil’’.

Para provar sua posição no FBI, Hanssen entregou os nomes de três espiões soviéticos nos Estados Unidos recrutados pelo serviço secreto norte-americano.

A partir de então, Hanssen seguiu fornecendo informações para os russos. Em 15 anos recebeu US$ 1,4 milhão. Deste total, US$ 600 mil foram pagos diretamente e US$ 800 mil depositados em uma conta bancária em Moscou.

Hanssen também sugere pagamentos em diamantes e pede aos russos que elaborem um plano de fuga dos Estados Unidos caso o esquema seja desvendado.

Durante 15 anos, Hanssen passou informações secretas aos russos sob o codinome de ‘‘B’’ ou Ramón, sem despertar a menor suspeita de seus colegas do FBI e das agências de Inteligência dos Estados Unidos.

Em uma carta enviada em 2000 a seu contato russo, o espião revelou a origem de sua motivação. ‘‘Decidi seguir este caminho quando tinha 14 anos, após ler o livro de Philby’’.

Hanssen referia-se a Harold ‘‘Kim’’ Philby, o célebre agente duplo britânico de pós-guerra que, motivado por suas convicções marxistas e seu ódio pelo Ocidente, forneceu informações secretas a Moscou até sua fuga para o Leste, em 1963.




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