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Debilidades na formação em Português
Sérgio Simka
17/03/2011 | 07:41
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Muitos costumam torcer o nariz e fazer cara feia quando o assunto é Língua Portuguesa. Muitos, também, se escondem atrás de frases do tipo ‘português é difícil', ‘não sei falar português', e outras, como se as pessoas falassem outra língua, a fim de fugirem de um tema que, de uns tempos para cá, tem se revelado tão importante a ponto de rivalizar com outras questões culturais, como permanente atualização com o que acontece no Big Brother.

É que, além das novas regras ortográficas, que efetivamente entrarão em vigor em 2012, o idioma tem merecido atenção por parte dos profissionais do mercado, que têm lotado cursos voltados ao idioma, à procura de soluções para seus problemas linguísticos. As dificuldades com o idioma passaram a incomodar cada vez mais esses profissionais, que perceberam a urgente necessidade de atualização, até como sobrevivência e/ou ascensão num mercado que valoriza aqueles que sabem escrever e discrimina aqueles que mal sabem redigir uma carta de apresentação.

A crescente valorização do domínio do idioma no mercado de trabalho vem sendo apontada por diferentes indicadores. Por exemplo, em 2007, pesquisa realizada pela Johnson O'Connor Research Foundation em conjunto com um doutor em linguística, Paul Nation, professor da Victoria University of Wellington, na Nova Zelândia, comprovou que o uso eficiente da língua influi na carreira profissional. Segundo o estudo, feito em 39 empresas norte-americanas, a chance de ascensão profissional está diretamente ligada ao vocabulário que a pessoa domina. Quanto maior seu repertório, mais competência e segurança ela terá para absorver ideias e falar em público.

Para ser bem-sucedida, a pessoa, além de possuir conhecimento técnico em sua área profissional, precisa desenvolver sua competência comunicativa, ou seja, ampliar as habilidades de expressar seus pontos de vista tanto oralmente quanto por escrito, em produções textuais pautadas por clareza de raciocínio e logicidade na argumentação, a fim de ganhar respeito e credibilidade.

O fato é que as nossas aulas de Língua Portuguesa fracassam exatamente em ensinar leitura e produção de textos! Resulta daí a convocação premente para repensarmos o atual modelo de ensino de Português. Tarefa mais que hercúlea, se levarmos em conta o atual perfil de nossos alunos: desinteressados, indisciplinados, mal-educados.

 

Sérgio Simka é professor e mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP




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