Automóveis Titulo
Outros caminhos que levam a Paraty
Paulo Bittencourt
Da Agência Hp Press
02/06/2005 | 11:14
Compartilhar notícia


Uma noite agradável em um barzinho aconchegante, um bom vinho, voz e violão compondo a trilha sonora, num cenário maravilhoso que nos remete ao século passado. A noite era de chuva, e providencial, que além de refrescar o calor de quase 30°, contribuiu para o clima nostálgico. A noite na vila de Paraty é algo singular, ótimo para um passeio a dois. A cidade com os encantos de uma antiga aldeia e charme internacional, situada na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro, está entre a imponência da Serra do Mar e uma calma baía de águas azuis, onde vivem pessoas do mundo todo.

O centro histórico de Paraty possui apenas 35 quarteirões de belos sobrados, museus e igrejas que são considerados pela Unesco o conjunto arquitetônico mais harmonioso do séc. XVIII. Uma outra Paraty revela um patrimônio natural invejável com florestas nativas, rios e cachoeiras.

Nossa aventura começa na via Dutra seguindo até a saída 65 sentido Guaratinguetá, (167 km de São Paulo). Ao entrar na SP 171, ou Rodovia Paulo Virgínio, zere o hodômetro parcial. Ele será seu guia daqui para frente. Bem pavimentada ela liga a cidade de Guaratinguetá a pacata Cunha. Em toda sua extensão, a rodovia oferece um visual magnífico. Vinte e quatro quilômetros à frente a primeira parada obrigatória no Rancho Tudo da Roça, onde se encontra farta culinária típica do interior.

No km 42,9 chegamos ao portal da cidade de Cunha. Entre as atrações da cidade, estão as cerâmicas produzidas em alta temperatura com técnica trazida por imigrantes japoneses. Os artistas mais famosos são Suenaga e Jardineiro, Leí Galvão, Luis Toledo, Mieko Ukeseki e Benedita Olímpia.

Passando a cidade, os quilômetros seguintes são ótimos para quem gosta de fotografar. No quilômetro 60,2 você passa pela entrada do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Indaiá. Este parque preserva importantes espécies da flora nativa da Mata Atlântica, desenvolve programas de educação ambiental e está aberto diariamente à visitação pública. Dispõe de duas trilhas para caminhadas; trilha do Rio Paraibuna (1.700 m) e a Trilha do Rio Bonito (7.600m, só com monitor).

Até o quilômetro 74 um carro de passeio convencional chega bem. A partir dali é "pedreira". Se tiver com carro normal, tome muito cuidado para não danificar o veículo nas pedras. Como usamos a Ranger 4x4 para levantar esse roteiro, não tivemos maiores problemas. No quilômetro 88.1, muito cuidado. Uma ponte sem proteção lateral e muito estreita tem espaço para um carro apenas.

Na indicação 91.7 km, entre a esquerda antes da ponte seguindo as placas que indicam a fazenda Murycana. Ótima parada para almoçar e começar a viagem de volta ao passado. Essa fazenda já serviu de hospedaria para ninguém menos que D. Pedro I e a Marquesa de Santos, que desembarcavam no porto de Paraty e seguiam algumas vezes em carruagens outra em padiolas carregadas por escravos, até a fazenda.

O local preserva muitos objetos da época. Até mesmo o famoso cafezinho da dona Hilda é feito à moda antiga, no fogão a lenha e adoçado com melaço de cana. Muito simpática e sempre de bom humor, ela conta que seu cafezinho tem sucesso mundial. "Vem gente do mundo todo atrás do meu café! Adoro trabalhar aqui" comenta.

A fazenda é um dos pontos altos desse roteiro de Caminhos Verdes. Lá você poderá degustar ótima cachaça feita em um alambique centenário, doces e compotas, e a comida e de dar água na boca. Administrada por dona Angelita Alves há mais de 30 anos, a propriedade vive basicamente do turismo e da venda de seus produtos. Curiosamente, a maioria dos visitantes é de estrangeiros.

Retornando para a estrada, sentido Paraty (referência do km 94,5), siga sentido a vila de Paraty. Ao chegar na rotatória da Rodovia Rio Santos (km 98,2), tem duas opções. Ou segue para a Vila de Paraty, ou então entre a esquerda em direção a Trindade. Nosso roteiro prevê primeiro a visita a Trindade. Então, no quilômetro 115,2 do hodômetro parcial, chega-se à entrada de Trindade. Antes de começar a subir a serra todos os carros são revistados pela polícia militar. A estrada que liga a Rio Santos a praias, hoje asfaltada, já teve o apelido de "Morro do Deus me livre" pois os carros não conseguiam sair de lá quando ainda era de terra.

Um pouco antes de chegar à praia do Cepilho, fica a entrada da trilha no lado esquerdo que leva à Praia Brava. Depois de 30 minutos de caminhada por esta trilha, vem a recompensa, uma praia quase deserta com fortes ondas e fonte de água doce. Já a praia do Cepilho fica no km 119,8 e é bastante freqüentada pelos surfistas de plantão. As rochas criam um ambiente extremamente bonito, ideal para sentar nas pedras e apreciar o mar.

Passando por um pequeno riacho que corta a estrada em frente à praia, (pode passar tranqüilo, pois o fundo é de pedra sem a possibilidade de encalhar) você seguirá por uns 800 metros antes de chegar a Vila e Trindade. O local é pequeno, mas muito aconchegante e com boa infra-estrutura para receber turistas. Tem várias pousadas e muitos camping a beira mar.

Voltamos a estrada, agora sim, em sentido a Paraty, faça o caminho inverso até a Vila de Paraty que é dividida por um rio. A dica é tentar encontrar uma pousada que fique bem próximo à vila, isso para não depender do carro para chegar até o centro. Uma boa dica é a Pousada Canoas. Oferece aptos com ar condicionado, frigobar, piscina e café da manhã.

Depois de instalado, prepare sua câmera fotográfica e bom passeio. Mas não esqueça de calçar um tênis para conviver com as pedras usadas no calçamento das ruas na época da escravidão. Os enormes casarões e museus, tudo muito bem conservado, cuidam da sua diversão. É uma viajem ao tempo e uma imersão na história do Brasil colonial. A maioria das casas foi transformada em restaurantes, pousadas e lojas de artesanato.

Trindade também é palco de cultura, como a do ex-metalúrgico Emerson Souza que se dedica a construir saxofone feito de bambu. Para chamar a atenção dos turistas ele arrasa executando canções de Tom Jobim no meio da rua. Lá tem de tudo e a vida noturna é bem agitada pelos músicos, artesões, pintores e atores, todos espalhados pelas ruas e bares da cidade.

Outra dica são os imperdíveis passeios de barco pela baía de águas calmas de Paraty. São diversas ilhas espalhadas. O custo vai de 150 a 200 reais a diária em barcos que levam até dez pessoas. Este roteiro é uma ótima pedida para feriados prolongados, mas pode ser feito em finais de semana. Além de gastar pouco, pode-se contemplar locais históricos e ainda poder desfrutar da calma e tranqüilidade de uma cidade histórica e a beleza de praias quase desertas.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;