O Congresso do Equador destituiu nesta quarta-feira o presidente Lucio Gutiérrez, que pediu asilo político à Venezuela, sob acusação de abandono de cargo. O presidente destituído deixou às 14h32 locais (16h32 de Brasília) o palácio de Carondelet de helicóptero. O vice-presidente Alfredo Palacio foi nomeado para substituí-lo. 

Pouco minutos antes da decisão do Congresso, as Forças Armadas retiraram o apoio a Gutiérrez, segundo um comunicado lido pelo ministro da Defesa, Nelson Herrera.

Assim que foi anunciada a retirada do apoio dos militares, os soldados nas ruas abandonaram seus postos de vigilância em locais importantes, incluindo o Palácio de Carondelet. Segundo testemunhas, as manifestações de protesto se transformaram em marchas de celebração e várias pessoas se aproximavam para confraternizar com os soldados.

Destituição - Gutiérrez foi cassado por 60 dos 62 legisladores presentes em uma sessão celebrada fora da sede do Parlamento, que tem um total de 100 cadeiras. O governo anunciou através do ministro Oscar Ayerbe que não aceitava a decisão, mas minutos depois as forças militares retiraram seu apoio a Gutiérrez.

Rivera explicou que o presidente havia sido destituído por "ignorar a Constituição" e intervir em outros poderes do Estado, sem respeitar sua independência.

Gutiérrez foi eleito, com Palacio como companheiro de chapa, em 2002, para um mandato de quatro anos. Anteriormente, a mesma maioria decidiu destituir Omar Quintana do cargo de presidente do Parlamento.

Quintana pertence ao PRE (Partido Roldosista Equatoriano, populista), o principal aliado do governo de Gutiérrez.

Os deputados de oposição abandonaram mais cedo nesta quarta-feira a sede do Parlamento aos gritos de "Lucio fora!", e se deslocaram ao edifício do Ciespal para se reunir em sessão extraordinária.

De acordo com o social-cristão Marcelo Dotti, a oposição equatoriana reúne parlamentares do PSC, Pachakutik (braço político dos indígenas), Esquerda Democrática (ID, social-democrata), Democracia Popular (DP, democrata-cristão) e "outros deputados bem-vindos".

"Vamos estabelecer um Congresso honesto, de honra", afirmou.

Antes de abandonar o local, Dotti declarou, dirigindo-se a Quintana: "Deixamos esta sala pois não reconhecemos sua autoridade, e vamos embora daqui para estabelecer um Parlamento decente". "Adeus, senhor", finalizou.