Formado pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, em 1972, com pós-graduação em Saúde Pública e Hospitalar, William Dib foi médico da rede municipal quando, em 1978, assumiu a assessoria da Secretaria de Saúde e Promoção Social, a qual comandou de 1984 a 1988. Elegeu-se vereador em 1992, durante o governo de Walter Dermachi, do qual foi secretário de Saúde e pediu demissão em 1996, reclamando de atraso na entrega de hospitais por motivo eleitoral. Na época, Dermachi disse que a real intenção de Dib era preparar sua campanha para prefeito, mas Dib preferiu coordenar a campanha de Maurício Soares, que foi eleito e reeleito em 2000 – nesta, tinha Dib como vice.
Os próximos dois anos serão fundamentais para concluir a gestão de oito anos de Soares, que pode retribuir o trabalho do “amigo Dib”, deixando-o agora mais próximo das inaugurações e decisões. Entre as meninas dos olhos da administração, nesse período até a eleição, estão dois projetos: um que prevê a construção de 10 mil casas populares até 2004, com recursos de cerca de R$ 80 milhões da Caixa Econômica Federal, e um viário, com verbas do BID (US$ 165 milhões) e municipais (US$ 110 milhões).
DIÁRIO – Com o fim das eleições estaduais, o cenário político se volta para o trabalho da disputa municipal. O senhor aparece como um dos nomes mais cotados por fontes ligadas ao Executivo e Legislativo. William Dib será o candidato para substituir Maurício Soares na Prefeitura de São Bernardo?
DIB – É natural essa especulação ainda mais porque sou vice do Maurício. Eu tenho certeza que este grupo que está no poder, sob a liderança do Maurício, vai definir, junto com a bancada de sustentação, um caminho para 2004. Se este grupo definir que eu serei o candidato, tudo bem. Será uma honra suceder o Maurício Soares. Vamos para a batalha.
DIÁRIO – O prefeito Maurício Soares está sob licença médica e pode se ausentar mais vezes no ano que vem pelo mesmo motivo. Ele já planejou uma maior participação do senhor no comando do Executivo?
DIB – Não. É que este ano foi muito desgastante para ele administrativamente. Teve o ano político, o episódio da vice-governança, ele viajou bastante, enfrentou as eleições no primeiro e segundo turno, onde desempenhou um papel muito importante na região. Nada mais natural do que ele se retirar no final de ano, na qual as coisas estão mais calmas e os projetos já estão encaminhados. Estamos rezando para ele se recuperar. Nós o queremos bem, porque ele exerce uma liderança muito grande na cidade. Mas se ele tiver de dividir um pouco mais as funções, nós vamos aceitar esta missão. Vou dividir com ele.
DIÁRIO – Uma das coisas muito comentadas nos últimos dias foi a criação do cargo de porta-voz municipal, um assessor que poderá substitui-lo em eventos importantes e falar pela Prefeitura sob todos os aspectos. A função é inovadora na política brasileira. Por que criar um cargo deste, neste momento, e como o senhor chegou no nome de Raimundo Salles?
DIB – Acho que houve um erro, não sei se vai querer corrigir. Primeiro que este cargo não é novo.
DIÁRIO – Nunca alguém ouviu falar dele no meio político.
DIB – É porque o nome dele é outro. É relações públicas e comunicação. Foi criado, se não me engano, há dois anos. Ele é um assessor especial do prefeito, que tem como uma das funções ser o porta-voz. Só que este cargo nunca foi preenchido. O Raimundo Salles conheço há muitos anos. Sou presidente do PSB, ele também é presidente do PSB de Santo André. Trabalhamos politicamente juntos. Foi uma oportunidade. Precisávamos de alguém com o perfil parecido com o dele. Não é um fato tão dignificante assim.
DIÁRIO – A nomeação de Raimundo Salles causou estranheza porque o PL, partido pelo qual ele é filiado, agora tem aliança nacional com o PT, sigla que deverá ser concorrente de sua eventual candidatura. Apesar do PL ser governo em São Bernardo, a nomeação pareceu ser um novo prêmio para que este partido não mude de lado no município?
DIB – Não há nada de errado em chamar alguém do PL para o governo, porque o PL já é governo. O PL elegeu quatro vereadores, o presidente da Câmara é do PL. O deputado estadual aliado a nós, Ramiro Meves, é do PL. A impressão que eu tenho é que algumas pessoas do PT acham que o PL casou nacionalmente com o PT e que todas as alianças que já existiam estão desfeitas porque agora só existem eles. É estranho porque o PL acertou com o Maluf e apoiou a gente para prefeito. É um pouco precipitado achar que as pessoas são donas das outras. Não estamos dando coisas para o PL. Não tem troca-troca. Eles fazem parte deste governo. Não está havendo nenhuma sangria.
DIÁRIO – As últimas eleições em São Bernardo mostraram que os candidatos mais votados para presidente, governador, senador e deputado federal pela cidade foram do PT, partido que é oposição a gestão que o senhor faz parte. Como o senhor analisa essa avaliação das urnas?
DIB –Cada um tem uma visão do resultado da eleição. Muitos acham que o PT ganhou as eleições. Minha leitura é que o Lula, uma pessoa extremamente carismática, ganhou as eleições. Tanto é que se o PT tivesse vencido não teria tão poucos governadores e tão poucos representativos tanto em voto quanto em Estados. O PT não fez quanto fala que fez. Mas eu torço para que o governo federal dê certo, porque quem tem o ônus de governar terá de torcer para que dê certo. Em São Bernardo, a diferença entre o Lula e o Serra foi mais que o dobro. Já entre o Genoíno e o Alckmin foi alguns mil votos. Você vê que o PT não levou o que diz que levou. Aqui o PT continua fazendo esta oposição sistemática, mas nós não vamos ensinar a eles fazer política.
DIÁRIO – Hoje São Bernardo enfrenta uma queda na arrecadação de impostos, principalmente de IPTU, devido a redução na produção industrial. Cada vez é maior o número de pessoas no chamado mercado informal na cidade. Como o governo Maurício Soares pretende diminuir este problema nos próximos dois anos?
DIB– A gente tem os projetos nossos na área de habitação, que visam gerar empregos com a construção de 14 mil casas junto com infra-estrutura e canalização e recursos do governo federal e municipal. Este projeto estava muito devagar (fizeram cerca de 4 mil unidades) então solicitamos à Caixa Econômica que o salvo deste contrato, que é de aproximadamente R$ 80 milhões, ela nos financiasse para fazer o projeto inteiro, o que dará mais 10 mil unidades até 2004. Já conseguimos este empréstimo e tocamos com força total já em janeiro. Vamos acabar o Lavínia, o Esmeralda, fazer todo o Silvina, Vila São José. Também já está em andamento o projeto do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que trata de um empréstimo (US$ 165 milhões) para 25 obras viárias no município. Um grupo do governo esteve em Washington (EUA) para agilizar a vinda de uma visita técnica da equipe do BID aqui. Estas obras vão facilitar o acesso das duas cidades cortadas pela via Anchieta, privilegiará os sistemas que hoje imperam nas indústrias, vamos fazer novos túneis, avenidas. Então você vai prever um menor tempo na entrega das mercadorias.
DIÁRIO – Esta queda de arrecadação pode prejudicar estes e outros projetos?
DIB – Se continuar persistindo a queda do orçamento alguns projetos vão parar. Mas estamos com o pé no chão.
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