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Filha de casal morto no Brooklin participou do crime
Camila Zanini
Do Diário OnLine
08/11/2002 | 18:05
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 AE

A polícia informou, na manhã desta sexta-feira, em entrevista coletiva, que Suzane, filha do casal Marísia, 50 anos, e Manfred Albert von Richthofen, 49, encontrados mortos na semana passada em sua residência no Brooklin, na zona Sul de São Paulo, planejou com dois meses de antecedência o assassinato.

Em depoimento prestado durante a noite de quinta-feira e na madrugada desta sexta, Suzane, 19 anos, disse que esperou do lado de fora de sua casa que o namorado e o irmão dele matassem seus pais. Na primeira versão, ela tinha dito que estava em um motel. No entanto, a polícia descobriu que a jovem estava dentro da garagem da casa na hora do crime, mas que não participou da ação.

Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21 anos, namorado de Suzane, foi detido na quinta à noite por policiais do 27º Distrito Policial e encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A primeira confissão, no entanto, foi feita por Christian Cravinhos de Paula e Silva, 26 anos.

A polícia chegou ao criminoso quando descobriu a compra de uma moto Suzuki 1.100 cilindradas em 1º de novembro (um dia depois do assassinato) por Christian, em nome de um amigo, Jorge Ricardo Marchi, no valor de US$ 3,6 mil, tudo pago em notas de US$ 100. Segundo o boletim de ocorrência, no dia do crime foram roubados R$ 5 mil e US$ 8 mil, justamente em notas de US$ 100.

A namorada de Christian, que não teve o nome revelado, negou que estivesse com ele na noite do crime. Ela disse, em depoimento aos delegados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que não foi para um sítio no interior do Estado, como Christian havia afirmado.

A filha do casal alegou que o motivo do crime foi a desaprovação ao namoro dela com Daniel, que já durava três anos. Ela disse que planejou o duplo assassinato por amor a Daniel. Os pais de Suzane eram contra os dois morarem juntos na mansão. Suzane e o dois assassinos confessos eximiram o irmão da jovem, Andreas Albert, 15 anos, de qualquer participação no planejamento ou execução do crime.

O casal foi encontrado morto no dia 31 de outubro em seu quarto. Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), os dois foram mortos por espancamento. Richthofen tinha uma toalha branca no rosto e Marísia estava com um saco plástico na cabeça.

A polícia já decretou a prisão preventiva de Suzane, Daniel e Christian. Os três vão ficar detidos até o julgamento do caso.

Christian e Daniel foram levados para o Distrito Policial de Santa Cecília, onde estão sozinhos numa cela para evitar represália dos outros presos, enquanto Suzane foi encaminhada ao 89º DP, no Morumbi. Suzane, que é estudante do primeiro ano de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), não terá direito a cela especial, já que não tem curso superior completo.

O crime - Com riqueza em detalhes e frieza, Suzane, Daniel e Christian revelaram durante o depoimento os pormenores do assassinato. Depois de deixarem Andreas em um cyber café, os três se dirigiram para a casa da família, no Brooklin. Suzane dirigia seu carro e o estacionou na garagem da residência.

Ela subiu aos quartos para verificar se os pais estavam dormindo, e depois de confirmar que eles realmente o estavam, acendeu a luz do corredor do andar de cima da casa e chamou os irmãos.

Armados com barras de ferro revestidas de madeira, que haviam sido transportadas no carro de Suzane, Daniel e Christian atacaram os pais da garota. Christian golpeou cinco vezes a cabeça de Marísia, que acordou, tentou se proteger com as mãos e teve os dedos feridos. Daniel fez o mesmo com Manfred, que também teve as mãos feridas.

Depois de golpeados, Marísia e Manfred foram esganados e tiveram sacos plásticos colocados nas cabeças para bloquear a respiração. Christian chegou a colocar uma toalha na boca da mãe de Suzane para também dificultar a respiração.

Em seguida, os jovens seguiram para a biblioteca da casa e desarrumaram o lugar, para dar a impressão que algum criminoso tivesse invadido a residência. Lá, eles pegaram jóias e um revólver, que foi colocado ao lado do corpo do engenheiro. Uma toalha foi colocada sobre o rosto de Manfred e um saco plástico na cabeça de Marísia.

Os criminosos contaram que usaram meias-calças por todo o corpo no dia do crime, para não deixar nenhum pêlo no local. Além disso, eles também usaram luvas cirúrgicas, que pertenciam a Marísia. Depois, os rapazes retiraram a roupa, colocaram em um saco plástico junto com as barras de ferro e abandonaram o material no bairro do Ibirapuera. A polícia ainda não encontrou as evidências.

Depois de terminada a ação, Suzane e Daniel se dirigiram a um motel para criar um álibi. Na saída do motel, passaram no cyber café para buscar Andreas. Por volta das 4h da manhã, os filhos 'encontraram' os corpos dos pais.

Suzane contou que na hora do crime chegou a se arrepender e sentiu-se culpada pela ação, mas voltou a afirmar que tudo o que fez foi por amor.

O caso ganhou repercussão internacional porque o Manfred era sobrinho-neto de Manfred Freiherr von Richthofen, conhecido como Barão Vermelho, o maior aviador de guerra da história mundial.




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