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Mutuários aguardam ansiosos estudos sobre a TR
Do Diário do Grande ABC
12/02/2000 | 17:08
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O grupo do governo que estuda a troca da Taxa Referencial (TR) por um índice de inflaçao na correçao da prestaçao da casa própria tem nas maos o destino de mais de 10 milhoes de pessoas em todo o país.

Gente como os consultores de seguros Augustin Castro, 50 anos, e José Tomaz da Motta, 45 anos, que viram seus financiamentos imobiliários tornarem-se pesadelo nos últimos dez anos. Juntos eles fazem parte dos mais de 1,5 milhao de mutuários cariocas, que hoje se encontram amarrados a dívidas que superam em muitas vezes o valor do imóvel financiado.

Em 1993, José Tomaz, resolveu financiar em 11 anos, US$ 100 mil de um imóvel de três quartos, na Tijuca, pelo sistema de hipoteca do Bradesco. "O valor do imóvel na época era de US$ 130 mil e as prestaçoes, corrigidas por juros de 16% mais TR, nao ultrapassavam os R$ 2.100", explica.

Em 1998, depois de abater 50% do valor financiado, a situaçao piorou e a prestaçao do consultor de seguros pulou para R$ 6.700. Preocupado em se tornar inadimplente, Tomaz resolveu procurar o banco para tentar renegociar a dívida. "A única resposta que recebi é que o banco só renegociaria o saldo devedor e o valor das prestaçoes se eu estivesse inadimplente". O pior: o saldo residual do corretor de seguros na época, ou seja, o que ele devia, era de R$ 240 mil e o imóvel foi avaliado no mesmo ano em R$ 140 mil. "Entrei com uma açao na Justiça e parei de pagar".

Durante seis anos, Tomaz pagou o equivalente a R$ 120 mil, e hoje, quando sua prestaçao bate a casa dos R$ 6 mil por mês, o aluguel de um imóvel no mesmo prédio é de R$ 900. A discrepância é tao grande que com o dinheiro gasto, Tomaz já pagou o valor do imóvel, em 1993, duas vezes. O mesmo aconteceu com Augustin, que através da hipoteca da Caixa Econômica Federal, resolveu financiar US$ 160 mil de um imóvel de quatro quartos, na Barra da Tijuca, em 1989. De lá pra cá, o saldo devedor de Augustin foi corrigido em 84,32%.

Ele também entrou na justiça, depois que sua prestaçao saiu dos R$ 2.200 para R$ 6.400. Pagou o equivalente a R$ 240 mil e hoje o saldo residual está em R$ 260 mil.




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